Por Ed Stoddard
JOHANNESBURGO (Reuters) - Milhares de páginas de documentos da inteligência dos Estados Unidos sobre Nelson Mandela foram tornadas públicas nesta quarta-feira, revelando que Washington continuou a monitorar o herói anti-apartheid sul-africano como uma potencial ameaça comunista mesmo após ter saído da prisão, disse um grupo que entrou com processo para obter os papéis.
O grupo Property of the People divulgou os papéis para marcar o 100º aniversário de Mandela. Afirmou ter obtido os documentos após anos de litígio.
"Os documentos revelam que, assim como fez nos anos 1950 e 60 com Martin Luther King Jr e o movimento dos direitos civis, o FBI investigou agressivamente os movimentos anti-apartheid norte-americanos e da África do Sul como planos comunistas que ameaçavam a segurança dos EUA", disse o presidente do grupo, Ryan Shapiro, em comunicado.
"Pior ainda, os documentos demonstram que o FBI continuou sua investigação errônea de Mandela e do movimento anti-apartheid como ameaça comunista mesmo depois das imposições dos EUA de sanções comerciais contra o apartheid na África do Sul, depois da celebrada soltura de Mandela da prisão e depois da queda do Muro de Berlim."
O primeiro presidente negro da África do Sul, que morreu em 2013 e permanece como um ícone global por sua luta contra o apartheid e pela sua mensagem de reconciliação depois de 27 anos na prisão, foi tratado com suspeitas por Washington durante a Guerra Fria e ficou na lista de observação de terrorismo norte-americana até 2008.
O Property of the People disse que seu acervo inclui documentos das principais agências de inteligência dos EUA, o FBI, a CIA, DIA e NSA, sendo a maioria jamais vista pelo público.
Os documentos do chamado "The Mandela Files" podem ser encontrados no site: https://propertyofthepeople.org