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Donald Trump é eleito presidente dos EUA em retorno surpreendente

Publicado 06.11.2024, 07:44
Atualizado 06.11.2024, 08:26
© Reuters. Candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, em West Palm Beach, no Estado norte-americano da Flóridan06/11/2024 REUTERS/Carlos Barria

(Reuters) - Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, concretizando um retorno surpreendente quatro anos depois de perder a disputa por sua reeleição e dando início a uma nova liderança norte-americana que provavelmente testará as instituições democráticas no país e as relações no exterior.

Trump, de 78 anos, reconquistou a Casa Branca ao garantir mais do que os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para vencer a eleição, de acordo com a projeção da Edison Research, após uma campanha de retórica sombria que aprofundou a polarização no país.

A vitória do ex-presidente no Estado de Wisconsin consagrou a vitória.

"A América nos deu um mandato poderoso e sem precedentes", disse Trump na quarta-feira para uma multidão de apoiadores no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na Flórida.

A carreira política do republicano parecia ter chegado ao fim depois que suas falsas alegações de fraude eleitoral levaram uma multidão de apoiadores a invadir o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa fracassada de reverter sua derrota eleitoral de 2020.

Porém, ele varreu os adversários dentro de seu Partido Republicano e, em seguida, derrotou a candidata democrata, Kamala Harris, capitalizando as preocupações dos eleitores com a inflação e o que Trump alegou, sem provas, ser um aumento da criminalidade devido à imigração ilegal.

Kamala não falou aos apoiadores que se reuniram na Howard University. O co-chair de sua campanha, Cedric Richmond, falou brevemente à multidão depois da meia-noite, dizendo que ela falaria publicamente nesta quarta.

Os republicanos ainda conquistaram a maioria no Senado, mas nenhum dos partidos parecia ter uma vantagem clara na batalha pelo controle da Câmara dos Deputados, onde os republicanos atualmente detêm uma estreita maioria.

EMPREGOS E ECONOMIA

Os eleitores identificaram as questões do emprego e da economia como os problemas mais urgentes do país, de acordo com pesquisas Reuters/Ipsos. Muitos norte-americanos estão frustrados com os preços mais altos, mesmo em meio aos recordes de alta nos mercados de ações, salários em rápido crescimento e baixo desemprego.

Com o governo do presidente Joe Biden assumindo grande parte da culpa, a maioria dos eleitores afirmou que confiava mais em Trump do que em Kamala para resolver o problema.

Os hispânicos, eleitores tradicionalmente democratas, e as famílias de baixa renda mais atingidas pela inflação ajudaram a impulsionar a vitória eleitoral de Trump. Sua base fiel de eleitores rurais, brancos e sem formação universitária novamente apareceu em peso.

Sua vitória terá implicações importantes para as políticas de comércio e mudança climática dos EUA, a guerra na Ucrânia, os impostos dos norte-americanos e a imigração.

Suas propostas de tarifas podem desencadear uma guerra comercial mais acirrada com a China e os aliados, enquanto suas promessas de reduzir os impostos corporativos e implementar uma série de novos cortes podem aumentar a dívida dos EUA, segundo economistas.

Trump tem prometido lançar uma campanha de deportação em massa visando os imigrantes ilegais.

CAMPANHA SEM PRECEDENTES

Em maio, Trump foi condenado por um júri de Nova York por falsificar registros de negócios para encobrir pagamentos secretos a uma estrela pornô.

Dois meses depois, a bala da arma de um possível assassino passou de raspão em sua orelha direita durante um comício exacerbando os temores sobre a violência política no país.

Outra tentativa de assassinato foi frustrada em setembro em seu resort de golfe na Flórida. Trump atribuiu as duas tentativas ao que ele alegou ser a retórica acalorada dos democratas, incluindo Kamala.

Apenas oito dias após o incidente de julho, Biden desistiu da disputa, finalmente cedendo a semanas de pressão de seus colegas democratas, depois que um desempenho ruim durante um debate com Trump colocou em dúvida sua acuidade mental e a viabilidade de sua candidatura à reeleição.

A decisão de Biden transformou a disputa em uma corrida de velocidade, já que Kamala se apressou para montar sua própria campanha em questão de semanas, em vez dos meses habituais. Sua ascensão ao topo da chapa reenergizou democratas desanimados e arrecadou mais de 1 bilhão de dólares em menos de três meses, apagando o que era uma sólida liderança de Trump nas pesquisas.

À medida que a campanha se aproximava do fim, Kamala se concentrou cada vez mais em alertar os norte-americanos sobre os perigos da eleição de Trump.

A vitória de Trump deve ampliar as fissuras na sociedade norte-americana, dadas suas falsas alegações de fraude eleitoral, retórica anti-imigração e demonização de seus oponentes políticos, disse Alan Abramowitz, professor de Ciências Políticas da Universidade Emory, que estuda o comportamento do eleitor e a política partidária.

UM SEGUNDO MANDATO DE TRUMP

© Reuters. Candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, em West Palm Beach, no Estado norte-americano da Flórida
06/11/2024 REUTERS/Carlos Barria

Trump tem prometido reformular o Poder Executivo, inclusive demitindo funcionários públicos que ele considera desleais e usando agências federais de aplicação da lei para investigar seus inimigos políticos, violando o que tem sido uma política de longa data de manter essas agências independentes.

Durante seu primeiro mandato, as exigências mais extremas de Trump foram, às vezes, impedidas pelos membros de seu próprio gabinete, principalmente quando o vice-Presidente Mike Pence se recusou a impedir que o Congresso certificasse os resultados da eleição de 2020.

Assim que a votação de 2024 for certificada pelo Congresso em 6 de janeiro, Trump e seu vice-presidente, o senador JD Vance, assumirão seus cargos em 20 de janeiro.

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