Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco disse que uma eventual devolução pela Rússia dos territórios ocupados na Ucrânia é um "problema político" a ser resolvido por ambos os lados, em seu primeiro comentário público sobre o pedido da Ucrânia para que ele apoie seu plano exigindo uma retirada total da Rússia.
Em entrevista à emissora Telemundo, Francisco não se posicionou sobre a devolução de territórios como condição fundamental para a paz, algo sobre o qual insistem a Ucrânia e muitos de seus apoiadores ocidentais.
Na entrevista à rede de TV de língua espanhola com sede nos Estados Unidos, Francisco foi questionado duas vezes se a Rússia deveria devolver os territórios. Ele não abordou essa parte da questão na primeira vez, mas quando perguntado novamente, ele disse: "É uma questão política. A paz será alcançada quando eles puderem conversar entre si, cara a cara ou por intermediários. Se não falarem... é uma questão política", afirmou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, encontrou-se com o papa no Vaticano em 13 de maio e pediu-lhe que apoiasse o plano de paz de Kiev, o qual Zelenskiy disse repetidamente que não está aberto a negociações.
O plano exige a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada das tropas russas e fim das hostilidades e a restauração das fronteiras da Ucrânia.
No início da guerra, o papa tentou adotar uma abordagem mais equilibrada na esperança de ser um mediador, mas depois começou a condenar energicamente as ações da Rússia, comparando-as a alguns dos piores crimes contra a Ucrânia durante a era soviética.
Na entrevista, realizada em Roma na quinta-feira e transmitida nesta sexta-feira, Francisco disse que o lado ucraniano "não estava tendo esperanças" com as perspectivas de uma mediação, mas acrescentou que as nações que apoiam a Ucrânia formam um bloco "muito forte".