CARTUM (Reuters) - O Sudão está aberto a dialogar com países ocidentais, disse nesta terça-feira o presidente sudanês, Hassan al-Bashir, numa incomum mensagem conciliatória de um líder acusado de genocídio e cujo país sofre é alvo de sanções econômicas.
Em discurso no começo de um novo mandato presidencial que estenderá seu comando do país para mais de um quarto de século, Bashir, de 71 anos, também pediu por uma unidade nacional, à medida que a nação africana sofre com rebeliões e reduzidas receitas de petróleo após a secessão do Sudão do Sul em 2011.
O Sudão há anos tem operado sob sanções da Organização das Nações Unidas e sanções bilaterais, incluindo dos Estados Unidos. Bashir também enfrenta no Tribunal Penal Internacional acusações de ser responsável por genocídio e outras atrocidades em sua campanha para esmagar uma revolta na região de Darfur. Ele nega todas as acusações.
"O Sudão buscará, pela vontade de Deus, e com o coração aberto, continuar a dialogar com países ocidentais para retomar a normalidade das relações", disse Bashir ao Parlamento, após a cerimônia de posse que contou com a presença de líderes africanos e árabes.
"Eu serei, pela vontade de Deus, um presidente para todos. Não há diferença entre aqueles que votaram para nós e aqueles que não votaram, entre aqueles que participaram e aqueles que boicotaram (a eleição)", disse.
Bashir ganhou 94 por cento dos votos numa eleição nacional em abril, mas foi boicotado pela maioria da oposição.
Em seu primeiro decreto desde que foi empossado, Bashir dissolveu seu gabinete e, num passo raro, também destituiu o primeiro vice-presidente, o vice-presidente e conselheiros presidenciais, afirmou a Agência de Notícias Estatal do Sudão. Ele deve nomear um novo governo em breve.
(Reportagem de Khalid Abdelaziz)