PEQUIM (Reuters) - O príncipe William, da Grã-Bretanha, pediu nesta quarta-feira o fim do comércio de marfim durante visita a um santuário de elefantes na província de Yunnan, no sudoeste da China, no final de uma viagem de três dias ao país, a qual teve entre seus objetivos a conservação da vida selvagem.
William tem criticado a China por seu consumo de marfim. Grupos de defesa dos direitos dos animais dizem que o crescente apetite do país por material de contrabando tem provocado o aumento da caça ilegal na África.
No mês passado, a China anunciou uma proibição de um ano da importação de esculturas de marfim africano, poucos dias antes da visita de William.
"Um golpe poderoso que podemos impor aos traficantes é reduzir a demanda por seus produtos. A demanda incentiva os traficantes. Ela alimenta sua ganância, e gera os seus enormes lucros", afirmou William em um discurso divulgado pela família real britânica.
"Em última análise, eliminar a demanda por marfim é essencial para os cidadãos em todo o mundo", disse William, que elogiou as medidas "que a China já adotou" para combater o comércio.
A extinção de animais como elefantes e rinocerontes seria uma "perda incomensurável" para a humanidade, disse ele.
A viagem de William à China é a primeira por parte de um membro de alto nível da família real britânica desde que a rainha Elizabeth e seu marido, o príncipe Philip, estiveram no país, em 1986. Ela ocorre depois de um período de mal-estar entre Londres e Pequim por causa das manifestações pró-democracia no ano passado na ex-colônia britânica de Hong Kong.
William, neto da rainha Elizabeth e segundo na linha de sucessão ao trono, disse ao presidente chinês, Xi Jinping, na segunda-feira, esperar que a China possa tornar-se líder na proteção de animais.
A China eliminou no início do ano passado 6,2 toneladas de marfim confiscado, na primeira destruição pública de alguma parte de seu estoque. No entanto, o país ainda é classificado como o maior mercado do mundo para o marfim obtido com a matança ilegal de animais, de acordo com o World Wildlife Fund.
Em 1981, a China assinou um pacto que proíbe o comércio mundial de marfim, mas obteve uma isenção em 2008 para comprar 62 toneladas de diversas nações africanas. Ela libera uma parte desse material a cada ano para fábricas de escultura de marfim licenciadas pelo governo.
Mais de 20.000 elefantes africanos foram mortos por causa do marfim em 2013, de acordo com um programa de monitoramento da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas. Acredita-se que a população desses animais esteja em torno de 500.000.
(Reportagem de Michael Martina)