Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, incentivou o Brasil a incluir a Ucrânia em qualquer iniciativa para negociar o fim da "guerra de agressão da Rússia", disse ela nesta quinta-feira, ao final de uma visita ao país.
Thomas-Greenfield disse que expressou em Brasília o desapontamento dos EUA com as declarações feitas sobre a guerra, referindo-se a comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo ao Ocidente que pare de armar a Ucrânia para permitir o início das negociações de paz.
"Não estamos dizendo ao Brasil para não se engajar na paz", disse a embaixadora em entrevista coletiva.
"O que dissemos é que qualquer engajamento deve levar em consideração a Ucrânia, e não pode ser uma negociação baseada em recompensar a Rússia por tomar território durante sua guerra não provocada contra a Ucrânia", disse ela.
Thomas-Greenfield disse que incentivou as autoridades brasileiras a visitar a Ucrânia e confirmou que o assessor de política externa de Lula, Celso Amorim, planeja viajar a Kiev, embora não tenha dado data.
"Minha suposição é que será em breve", disse ela a repórteres.
O combate às mudanças climáticas, a defesa da democracia e a promoção da igualdade e da inclusão racial foram temas de sua agenda de conversas com autoridades brasileiras durante a visita de três dias, que incluiu uma passagem por Salvador, que ela chamou de "o coração do Brasil negro".
As relações entre as duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental são "duradouras e construídas sobre valores compartilhados", disse ela.
Thomas-Greenfield lembrou que, nas Nações Unidas, o Brasil apoiou uma resolução inicial da ONU na Assembleia Geral condenando a invasão russa da Ucrânia e, mais recentemente, uma resolução de paz da ONU.
(Reportagem de Anthony Boadle em Brasília)