Por Brian Homewood
ZURIQUE (Reuters) - O ex-jogador Zico, candidato à presidência da Fifa, acredita que as regras para eleger o chefe da entidade que controla o futebol mundial são injustas, defasadas e sujeitas à pressão externa.
Zico, que disputou três Copas do Mundo e é considerado um dos melhores jogadores da história, também fica decepcionado que a atual geração de jogadores tenha medo de falar o que pensa sobre questões importantes de futebol.
Em entrevista à Reuters no caminho para a sede da Fifa para uma reunião com o presidente Joseph Blatter, Zico disse que considera errado que os candidatos precisem ter apoio por escrito de cinco associações de futebol. Para ele, as regras deixam as associações nacionais sujeitas a uma pressão das confederações continentais, que geralmente querem que seus membros votem em bloco.
"Eu sabia disso e as dificuldades que outros candidatos passaram, mas você sempre tem que tentar na vida", declarou.
"Estou envolvido no futebol há 45 anos e há outros profissionais como eu que perdem a chance de serem candidatos por causa desta regra de cinco associações", disse.
"As confederações (continentais) metem o nariz nisso e colocam pressão sobre as associações nacionais que não têm independência para fazer as suas escolhas", completou.
Perguntado se acredita que as federações nacionais temem represálias por apoiar um candidato, ele disse: "Eu tive pensamentos semelhantes. As associações devem ter sua liberdade e independência."
Zico, que desde o início disse que teria dificuldade para conseguir apoio suficiente, também estava tentando entender por que a Confederação Sul-Americana de Futebol tinha decidido apoiar o francês Michel Platini na eleição.
O ex-jogador é um dos candidatos que pretendem substituir Blatter, que anunciou logo após ser reeleito em maio que deixaria o cargo. A nova eleição ocorre em 26 de fevereiro.
Segundo o brasileiro, jogadores, treinadores, torcedores e veículos de comunicação deveriam votar na eleição presidencial da Fifa. "A eleição na sua forma atual é completamente defasada; todo mundo do futebol precisa participar", disse.
"Quando votamos para o Jogador do Ano, os técnicos, jogadores, capitães, a mídia e os torcedores participam, então por que não fazer isso para o presidente (da Fifa). No momento, não há debate, e as eleições estão cada vez mais sem legitimidade."