GENEBRA (Reuters) - O investigador da ONU para violações dos direitos humanos nos territórios palestinos renunciou nesta segunda-feira, afirmando que Israel havia descumprido a promessa de conceder acesso à Cisjordânia e à Faixa de Gaza.
Makarim Wibisono, relator especial da Organização das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos, disse que pediu repetidamente, seja oralmente ou por escrito, para obter acesso, mas não obteve resposta alguma em 18 meses.
No comunicado em que anuncia sua demissão, Wibisono, que se reporta ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, expressou "profunda preocupação com a falta de uma proteção efetiva das vítimas palestinas de contínua violação dos direitos humanos e do direito humanitário internacional".
Israel já tinha rejeitado há algum tempo o posto do investigador independente para os territórios, acusando os 47 Estados-membros do fórum de pender contra o Estado judeu, posição apoiada por seu principal aliado, os Estados Unidos.
"A decisão israelense foi a consequência do mandato distorcido e tendencioso dado ao relator", disse por e-mail o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel Emmanuel Nahshon. "Os direitos humanos israelenses também são violados, diariamente, por palestinos e enquanto isso for ignorado, o conselho não será levado a sério como um corpo que respeite os direitos humanos."
Israel ocupou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental na guerra de 1967 e posteriormente anexou esta última, declarando-a parte de sua eterna e indivisível capital, um movimento nunca reconhecido internacionalmente.
Os palestinos lutam por um Estado na Cisjordânia e em Gaza, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. Em 2005 Israel deixou Gaza, que agora é controlada pelo Hamas.
(Por Stephanie Nebehay, em Genebra, e Maayan Lubell e Luke Baker, em Jerusalém)