JERUSALÉM (Reuters) - O enviado dos Estados Unidos a Israel disse que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve retardar o avanço de uma controversa reforma judicial que pode tornar mais difícil para Washington ajudá-lo a promover laços com a Arábia Saudita ou negociar com o Irã.
Israel tem presenciado revoltas há semanas devido ao plano do governo de extrema-direita de Netanyahu de realizar mudanças no judiciário que, segundo críticos, colocam os mecanismos de controle democráticos do país em xeque.
O parlamento de Israel pode realizar na segunda-feira a primeira de três rodadas de votações de um projeto de lei que aumentaria a influência do governo na seleção de juízes, ao mesmo tempo em que estabelece limites ao poder da Suprema Corte para derrubar leis ou decidir contra o executivo.
"Estamos dizendo ao primeiro-ministro a mesma coisa que digo aos meus filhos: pise no freio, vai devagar, tente chegar a um consenso, reúna as partes", disse o embaixador Tom Nides ao podcast da CNN The Axe Files, que foi ao ar na noite de sábado.
Nides enfatizou que Israel tem o apoio dos Estados Unidos quanto às questões de segurança e nas Nações Unidas, mas também disse que a esperança declarada de Netanyahu de estabelecer laços diplomáticos com a Arábia Saudita ou lidar com o programa nuclear do Irã estava em jogo.
"O primeiro-ministro quer fazer grandes coisas, ok? Ele nos diz que quer fazer grandes coisas", comentou Nides. "Eu disse a ele, ao primeiro-ministro, centenas de vezes, que não podemos nos dedicar às coisas em que queremos trabalhar juntos se seu quintal está pegando fogo."
Netanyahu falou sobre o atrito em Israel durante uma reunião semanal de gabinete, embora não tenha feito referência específica aos comentários de Nides
"Estou feliz em desapontar nossos inimigos e também tranquilizar nossos amigos - Israel foi e continuará sendo uma democracia forte e vibrante. Uma democracia independente", disse ele.
(Por Maayan Lubell)