QUITO (Reuters) - O governo do Equador informou nesta quinta-feira que abriu um corredor humanitário para que os venezuelanos em seu território possam se deslocar com segurança para outros países e classificou como "desumano" permitir a saída de milhões de cidadãos devido a problemas econômicos e políticos.
Cerca de 600 mil venezuelanos entraram no território equatoriano este ano, dos quais 80 por cento cruzam o país andino rumo ao Peru e outros países da região, fugindo dos problemas sofridos pela Venezuela.
"Foi estabelecido um corredor humanitário que facilita a mobilização da população venezuelana de Rumichaca para Huaquillas", afirmou a secretária de Gestão de Riscos, Alexandra Ocles. "Há uma população que tem Peru ou Chile como destino final e precisa ser transferida", disse ele a repórteres.
O anúncio acontece um dia depois do governo local de Quito mobilizar cerca de 250 pessoas em ônibus para Huaquillas, na fronteira com o Peru, quando Lima impôs o passaporte como requisito para entrada.
O corredor humanitário incluirá a mobilização de venezuelanos que estão no Equador - muitos deles irregularmente depois que entraram no país sem passaporte - com proteção policial na estrada e atenção integral nas áreas de fronteira.
O ministro das Relações Exteriores, José Valencia, descreveu como "desumano permitir que milhões de pessoas deixem um país".
A crítica foi acompanhada pelo anúncio da saída do Equador da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), criada em 2004 como um mecanismo de integração pelos presidentes falecidos Hugo Chávez (Venezuela) e Fidel Castro (Cuba).
"A saída é reafirmar nossa independência e autonomia. O Equador age de acordo com seus próprios princípios e quando acreditamos que em um determinado ambiente não estamos nos encaixando adequadamente, simplesmente tomamos uma decisão diferente", disse Valencia.
(Por Alexandra Valencia e José Llangarí)