Por Belén Carreño
MADRI (Reuters) - A Espanha se comprometeu a fornecer apoio militar à Ucrânia no valor de 1 bilhão de euros este ano, segundo um acordo assinado nesta segunda-feira entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em Madri.
"É mais importante do que nunca redobrar nosso apoio", disse Sánchez em entrevista coletiva.
O acordo, que abrange a próxima década, prevê o fornecimento de equipamentos militares modernos para usos terrestres, aéreos, navais e outros, "priorizando as principais necessidades de capacidade da Ucrânia", e uma ênfase nos meios marítimos para proteger as rotas de exportação de alimentos da Ucrânia.
Os detalhes do acordo não foram divulgados.
O jornal espanhol El País noticiou que a Espanha se comprometeria a enviar à Ucrânia uma dúzia de mísseis antiaéreos Patriot fabricados nos Estados Unidos, 19 tanques Leopard 2A4 de segunda mão fabricados na Alemanha, bem como outras armas de fabricação espanhola, como equipamentos antidrone e munição.
Autoridades do governo espanhol não quiseram comentar a reportagem do El País.
Sánchez disse que a Ucrânia estava pedindo a seus aliados lançadores de mísseis Patriot e que, embora tais remessas da Espanha não fossem possíveis no momento, eles estavam trabalhando para ver quantas poderiam ser enviadas a Kiev.
Ele acrescentou que a Espanha já estava fornecendo os mísseis e também estava avaliando a entrega de sistemas alternativos de defesa aérea.
Zelenskiy disse que a Ucrânia precisa de pelo menos mais sete lançadores Patriot para se defender e que pressionaria seus aliados para obtê-los.
Enquanto seu país lidava com outro ataque mortal na cidade de Kharkiv, no nordeste do país, Zelenskiy disse que as forças russas usaram cerca de 3.200 bombas aéreas guiadas neste mês.
"Como se combate isso? Não há mísseis de defesa aérea suficientes para deter milhares de bombas por mês... Os parceiros que têm medo de nos dar essa ou aquela arma devem entender que a defesa aérea é uma defesa, não um ataque", acrescentou.
Zelenskiy disse à Reuters este mês que os aliados ocidentais estavam demorando muito para tomar decisões importantes sobre o apoio militar à Ucrânia.
Ele disse que estava pressionando os parceiros a se envolverem mais diretamente na guerra, ajudando a interceptar mísseis russos sobre a Ucrânia e permitindo que Kiev usasse armas ocidentais contra equipamentos militares inimigos que se acumulavam perto da fronteira.
Antes da reunião com Sánchez, Zelenskiy foi recebido na pista do aeroporto de Barajas pelo rei Felipe, em um gesto que ressaltou a importância da visita para Madri.
Zelenskiy visitará em seguida a capital portuguesa, Lisboa, onde deverá se reunir com o primeiro-ministro Luis Montenegro e com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira, e deverá assinar um acordo semelhante de 10 anos.
(Reportagem de Belén Carreño, Inti Landauro, David Latona, em Madri, e Anastasiia Malenko, em Kiev)