Madri, 20 nov (EFE).- O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça-feira que "a Espanha votará não" à minuta do acordo do Brexit se não ficar esclarecido o status de Gibraltar.
Durante um ato público realizado em Madri, Sánchez disse que "nenhum documento esclarece algo para nós que é fundamental: Gibraltar não pertence ao Reino Unido".
Segundo ele, o Governo espanhol não pode presumir que o que acontecerá a Gibraltar depende apenas das negociações britânicas com a UE, já que, em sua opinião, é algo que a Espanha deve negociar diretamente com o Reino Unido.
"Como país, nós não podemos presumir no que vai acontecer no futuro com Gibraltar (...). Isso deverá ser negociado entre a Espanha e o Reino Unido", defendeu o presidente do Governo espanhol.
O artigo 184 do acordo entre o Reino Unido e a UE, "ambíguo" segundo o Governo espanhol, fala da negociação e aplicação de acordos além do fim do período de transição após a saída britânica da União, mas não estabelece datas concretas.
O ministro espanhol de Relações Exteriores e Cooperação, Josep Borrell, disse ontem que seria difícil incluir esclarecimentos sobre Gibraltar, depois de se reunir com o chefe negociador europeu para o "Brexit", Michel Barnier, que não quer que o texto pactuado seja modificado.
O ministro pediu que seja diferenciado o acordo de retirada da declaração política que senta as diretrizes para negociar a futura relação com o Reino Unido, que ainda está elaborando a Comissão Europeia.
"Os primeiros surpreendidos somos nós", disse hoje Sánchez, que também lembrou que o Governo espanhol que sempre compareceu aos Conselhos Europeus fez com uma atitude "construtiva e pró-europeia".
Igualmente, defendeu que se o Executivo espanhol "se encontra em uma situação como esta, é porque alguém em Bruxelas não fez bem o seu trabalho".
Os chefes de Estado e de Governo dos vinte e sete países que permanecerão na UE após o "brexit"realizarão no próximo domingo uma cúpula na qual preveem dar apoio ao acordo preliminar alcançado entre Londres e Bruxelas.
Segundo o Tratado da União, este acordo deverá ser aprovado pelo Conselho por maioria qualificada.