BEIRUTE (Reuters) - O Estado Islâmico cometeu um crime de guerra ao demolir um famoso templo romano antigo na cidade síria de Palmira por se tratar de um símbolo histórico da diversidade do país, declarou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) nesta segunda-feira.
Os militantes da facção radical explodiram o templo de Baal Shamin no domingo, disse o representante de antiguidades da Síria, Maamoun Abdulkarim, descrevendo a destruição de um dos sítios arqueológicos mais importantes da cidade localizada no centro do país.
"Tais atos são crimes de guerra, e seus perpetradores devem ser responsabilizados por suas ações", afirmou a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em um comunicado.
Ela também repudiou o assassinato de Khaled al-Asaad, arqueólogo de 82 anos que cuidou das ruínas de Palmira, tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, durante quatro décadas.
Abdulkarim disse que na semana passada o Estado Islâmico decapitou Asaad e pendurou seu corpo em uma das colunas dos tempos romanos. Antes da captura de Palmira pelo Estado Islâmico, autoridades sírias afirmaram ter levado centenas de estátuas antigas para locais seguros por medo de que os militantes as destruíssem.
O Estado Islâmico, que ocupou partes da Síria e do Iraque, tomou a cidade desértica de Palmira das forças do governo em maio, mas inicialmente deixou seus sítios intactos.
Em junho o grupo explodiu dois santuários que não eram parte de suas estruturas romanas, mas que via como sacrílegos, e usou um anfiteatro romano na cidade como local de execução de pessoas que acusou de serem apoiadoras do governo, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
O templo de Baal Shamin foi erguido quase 2 mil anos atrás e sua área interna foi gravemente danificada pela detonação, que ainda causou o desmoronamento de colunas próximas, segundo a Unesco.
"A arte e a arquitetura de Palmira, na encruzilhada de várias civilizações, é um símbolo da complexidade e riqueza da identidade e da história sírias", afirmou Bokova.
(Por Sylvia Westall)