Por Dominic Evans e Andrea Shalal
BEIRUTE/WASHINGTON (Reuters) - Combatentes do Estado Islâmico estão deixando nesta sexta-feira a estratégica cidade síria de Palmira, ao mesmo tempo que os Estados Unidos disseram que provavelmente mataram lideranças importantes do grupo militante nesta semana, incluindo o responsável pelas finanças.
O golpe duplo para o grupo islâmico radical no seu autodeclarado califado, que cobre grandes áreas da Síria e do Iraque, se dá três dias depois de homens-bomba do Estado Islâmico terem matado 31 pessoas em Bruxelas, no pior ataque desse tipo na história da Bélgica.
Soldados sírios que lutam para retomar a cidade de Palmira, no deserto, do controle do Estado Islâmico recuperaram a antiga cidadela nesta sexta-feira, segundo relatos de vários meios de comunicação. A cidadela tem vista para algumas das mais extensas ruínas do Império Romano.
Muitos templos e tumbas de Palmira foram dinamitados pelos combatentes do Estado Islâmico, no que as Nações Unidas descreveram como um crime de guerra, embora imagens de TV nesta sexta-feira tenham mostrado pelo menos algumas estruturas ainda de pé.
A reconquista de Palmira, que os militantes islâmicos tomaram em maio de 2015, marcaria o maior revés para o Estado Islâmico na Síria desde que a intervenção russa mudou a maré do conflito de cinco anos para o lado do presidente Bashar al-Assad.
A cidade controla rotas para o leste em direção ao centro do território mantido pelos militantes, incluindo a província de Deir al-Zor e a capital de fato do Estado Islâmico, Raqqa.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento, afirmou nesta sexta-feira que um líder do Estado Islâmico havia sido morto num ataque a seu carro em Raqqa na quinta-feira à noite.
O grupo não identificou o militante morto, mas o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ash Carter, disse que o país acredita ter matado Haji Iman, o apelido de Abd ar-Rahman Mustafa al-Qaduli, um alto líder do Estado Islâmico responsável pelas finanças do grupo, e Abu Sarah, que, segundo Carter, tinha a missão de pagar os combatentes no norte do Iraque.
As forças especiais dos EUA realizaram a operação contra Haji Iman, disseram autoridades à Reuters. Umas delas afirmou que o plano era capturá-lo, e não matá-lo. Contudo, depois que o helicóptero do comando foi atacado, tomou-se a decisão de atirar do ar.
“Estamos sistematicamente eliminando o gabinete do Estado Islâmico”, declarou Carter.
Também nesta sexta-feira, militares iraquianos afirmaram que uma área de fronteira na região de Sinjar próxima à Síria foi tomada do Estado Islâmico, cortando uma importante rota de suprimentos para os militantes.
Autoridades dos EUA afirmaram que estão ajudando os iraquianos a se preparar para uma operação em Mosul para tomar mais território do grupo militante.
PRÊMIO ESTRATÉGICO
A escala dos combates nesta sexta-feira pela cidade de Palmira reflete o quão estratégico é o local, com jatos lançando dezenas de ataques e soldados disparando morteiros, enquanto os militantes do Estado Islâmico responderam com dois carros-bomba.
Os aviões russos continuam a dar apoio aos sírios, apesar do recente anúncio da Rússia de que o país estava retirando as suas forças militares.
Os aviões russos realizaram 41 missões da terça até a quinta-feira em apoio à ofensiva contra Palmira, segundo agências de notícias russas.
(Reportagem adicional de Susan Heavey e Phil Stewart em Washington, Maher Chmaytelli em Bagdá, Kinda Makieh em Damasco, e Mostafa Hashem no Cairo)
((Tradução Redação São Paulo, +5511 56447719))
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