Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - Polônia, Eslováquia, Hungria e República Tcheca pediram nesta terça-feira que os poderes da Comissão Europeia sejam reduzidos agora que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia, e Varsóvia pediu a saída de Jean-Claude Juncker, o presidente do braço Executivo do bloco.
O referendo da semana passada alarmou governos da outrora comunista região leste da UE, que via Londres como sua principal aliada eurocética nos esforços para diminuir o controle centralizado de Bruxelas.
"Estamos perguntando se esta... liderança da Comissão Europeia... tem... o direito de continuar a funcionar, a consertar a Europa", indagou o ministro polonês das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski.
"Em nossa opinião, não tem... novos políticos, novos comissários deveriam realizar esta tarefa, e em primeiro lugar deveríamos dar novas prerrogativas ao Conselho Europeu, porque ele consiste de políticos que têm um mandato democrático."
O governo polonês entrou em choque com a comissão em função de sua tentativa polêmica de limitar os poderes do tribunal constitucional, o que levou Bruxelas a iniciar uma investigação sobre o Estado de direito na Polônia.
A tensão entre o Executivo de Bruxelas, que elabora e aplica a legislação do bloco, e países-membros, que exercem sua autoridade coletiva no Conselho da UE, tem sido permanente nas seis décadas de existência da união.
Mas a comissão presidida pelo luxemburguês Juncker vem irritando em especial os Estados do leste com suas iniciativas para impor cotas fixas para o acolhimento dos cerca de 1,3 milhão de refugiados e imigrantes que chegaram à Europa no ano passado.
"Precisamos mudar o funcionamento geral da UE, e acho que isso é necessário para mudar o funcionamento da Comissão Europeia", disse o primeiro-ministro tcheco, Bohuslav Sobotka.
"Os Estados-membros deveriam ser o motor de mudanças positivas na UE... eu ficaria muito contente se a Comissão fosse mais útil encontrando consensos dentro da UE. Gostaria que a Comissão respeitasse mais decisões do Conselho Europeu".
(Reportagem adicional de Marcin Goettig in Varsóvia, Jan Lopatka em Praga)