SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país nesta quinta-feira:
“BENZINHO”
- Coprodução entre Brasil e Uruguai que já rodou diversos festivais pelo mundo, começando pela competição em Sundance e conquistando prêmios em Portugal e na Espanha, “Benzinho” renova a parceria entre o diretor Gustavo Pizzi e a atriz Karine Teles, que começou em “Riscado” (2010).
O encontro, que culminou em casamento – hoje desfeito - e no nascimento de gêmeos, forneceu também memórias que alimentaram o roteiro de “Benzinho”, assinado a quatro mãos pelo diretor e pela atriz.
Quem está em foco, no caso, é uma família de classe média, o casal Irene (Karine Teles) e Klaus (Otávio Müller), seus quatro filhos, a irmã dela, Sônia (Adriana Esteves), separada do marido abusivo (César Troncoso), e o filho destes dois, Thiago (Vicente Demori).
O clã, de várias maneiras, é um retrato de um Brasil atual, remediado, sobrevivendo de bicos e atividades mal-remuneradas. A casa onde moram é o retrato da penúria, exibindo rachaduras, torneiras vazando, fechaduras emperradas, tudo no limite do tolerável. Neste ambiente economicamente precário, no entanto, não faltam nem comida nem afeto.
“ESCOBAR – A TRAIÇÃO”
- A autobiografia da jornalista colombiana Virginia Vallejo é o ponto de partida de “Escobar – A Traição” – que, apesar de dirigido por um espanhol (Fernando León de Aranoa) e protagonizado por um dos mais famosos casais de atores da Espanha (Penélope Cruz e Javier Bardem), é inteiramente falado em inglês. O detalhe obedece a uma estratégia comercial mas nunca deixa de introduzir uma certa estranheza nesta cinebiografia do famoso narcotraficante colombiano Pablo Escobar (1949-1993), contada do ponto de vista de sua amante, a jornalista Virginia Vallejo.
Javier Bardem ganhou o prêmio Platino do Cinema Ibero-Americano por sua interpretação do chefão, em plena ascensão quando conhece Virginia (Penelope), então uma das mais famosas jornalistas da TV de seu país. Naquela altura, a riqueza ostensiva do “empresário” Escobar lhe permitia realizar festas luxuosas, a que compareciam VIPs de todos os setores – um detalhe através do qual o filme destaca a conivência da sociedade local, já que, naquele momento, não havia como deixar de suspeitar da rapidez com que Escobar acumulava sua imensa fortuna.
“ONDE ESTÁ VOCÊ, JOÃO GILBERTO?”
- Autor de documentários sobre o samba e as cantoras brasileiras Maria Bethânia e Nana Caymmi, o cineasta francês Georges Gachot estrutura seu novo filme “Onde Está Você, João Gilberto?” sobre duas ausências. Não só a do artista quanto a de Marc Fischer, jornalista alemão autor de um livro sobre ele, “Ho-ba-la-lá – À Procura de João Gilberto”.
É assumidamente sobre os passos do falecido Fischer que Gachot caminha, na caça a este sempre inacessível João Gilberto. O cantor e compositor baiano, 87 anos, pai da Bossa Nova, percorre o filme como um fantasma, através de fotos, imagens, canções, nunca em carne e osso. Seu perfil é delineado por depoimentos de pessoas muito próximas – caso de Miúcha, sua ex-mulher, João Donato, ex-parceiro, e Otávio Terceiro, seu empresário. Outros personagens entram no filme para contar episódios curiosos, que não faltam na biografia de João Gilberto e alimentam sua lenda.
“MEU EX É UM ESPIÃO”
- Se existe uma razão para se ver essa comédia – ou mesmo para ela existir –, essa razão atende pelo nome de Kate McKinnon, a coadjuvante que não apenas rouba o filme como carrega o fardo inteiro nas costas, tornando mais agradáveis as quase duas horas de “Meu Ex é um Espião”.
A protagonista, Audrey, é interpretada por Mila Kunis, que descobre, após o rompimento, que seu ex (Justin Theroux) era um espião a serviço de uma missão internacional. Depois que ele é assassinado na frente dela, com a ajuda da amiga, ela vai para Viena terminar o serviço e acaba se envolvendo em trocas de tiros e afins pela Europa.
O filme até tenta ser engraçado, mas também aspira ser um longa de ação. Dirigido por Susanna Fogel, o resultado é apenas mediano nos dois gêneros, forçando a mão na correria e nas piadas. O problema é quando se deixa levar por um humor que beira o escatológico. Ainda assim, McKinnon consegue fazer rir – especialmente com seu antigo romance com Edward Snowden.
“GAUGUIN – VIAGEM AO TAITI”
- Dirigido por Edouard Deluc, o longa acompanha o período da primeira viagem do pintor francês Paul Gauguin ao Taiti, entre 1891 e 1893, quando produziu algumas de suas obras mais famosas.
O protagonista é vivido por Vincent Cassel, que tem uma intepretação empenhada, embora o filme nunca saia do lugar comum, acumulando clichês sobre o estereótipo do artista atormentado.
A história começa com o pintor em Paris, doente e arruinado. Ele acaba indo para a Polinésia francesa, um cenário mais colorido e vívido do que a capital francesa. Apesar das dificuldades, produz o melhor de sua arte e se envolve com uma jovem local (Tuhei Adams).
Concentrando-se quase que exclusivamente nos tormentos do protagonista, Deluc acaba criando um personagem sem nuances e, em poucos momentos, atinge aquilo que parece ser o objetivo aqui: investigar o encontro entre a vida e a arte de Gauguin.
(Por Alysson Oliveira e Neusa Barbosa, do Cineweb)
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