SÃO PAULO (Reuters) - A sacada dúbia do título de “O Espaço Entre Nós” é o que há de melhor na love story adolescente dirigida por Peter Chelson (“Hannah Montana: O Filme”), sobre um menino que nasceu e mora em Marte e se apaixona por uma garota solitária e rebelde da Terra. A graça e o charme do longa acabam aí, no seu título.
Parte “Perdido em Marte” --sem a sagacidade ou o humor-- e parte “A Culpa é das Estrelas”, o filme, frágil enquanto ficção científica, também não se sai bem como história de amor.
Gardner Eliott (Asa Butterfield) nasceu em Marte. Ele foi concebido na Terra, nunca soube da identidade do seu pai, e sua mãe, uma astronauta (Janet Montgomery), morreu no parto. Ela fazia parte de uma missão colonizadora prevista para durar anos. Sem ela, o garoto passa a ser criado pelos astronautas e cientistas que vêm e vão à base marciana.
O menino não pode sair do planeta vermelho, uma vez que seu corpo não suportaria a gravidade, a pressão atmosférica, e a luz do sol mais forte aqui, entre outras coisas.
Então, passa a infância e adolescência em Marte, e, com certa idade, acessando a internet, faz amizade com uma garota de sua idade, Tulsa (Britt Robertson), que já passou por diversos lares adotivos, em que todos os pais só querem saber do dinheiro pago pelo governo para criá-la.
Ela não tem amigos e o atual guardião pouco liga para ela. Sua solidão a ajuda a criar vínculos com Gardner, sem saber que ele mora em outro planeta. O garoto diz que tem uma doença que o impede de sair de casa e que mora num apartamento em Nova York.
Gary Oldman interpreta Nathaniel Shepherd, o dono da empresa associada à Nasa que promove a missão espacial. Ele também se preocupa com o garoto mas, impedido de fazer uma viagem espacial por conta de uma doença no cérebro, escolhe astronautas que servirão como “mães” do garoto. A atual é Kendra (Carla Gugino), que diante das frustrações de Gardner tenta convencer o programa a levá-lo para a Terra.
Sensibilizado, Nathaniel resolve atender ao pedido. Antes, algumas adaptações físicas serão necessárias, como o fortalecimento de seus ossos, por meio de uma cirurgia. Aqui, além de se encontrar com Tulsa, ele pretende descobrir a verdadeira identidade de seu pai. Para isso, tem um antigo vídeo de sua mãe com seu suposto namorado.
Não é preciso ser cientista da Nasa para saber onde o filme irá chegar --o romance que surge com Tulsa e quem é o verdadeiro pai do protagonista-- mas a previsibilidade nem é o maior problema. O ponto de partida é interessante, mas o que vem depois, tão mal-resolvido no roteiro de Allan Loeb (“Beleza Oculta”), tem buracos maiores do que as crateras gigantescas de Marte.
Levando-se a sério demais, “O Espaço Entre Nós” parece sofrer da mesma condição de seu protagonista: seus ossos não são fortes o suficientes para suportar a pressão de seu próprio corpo.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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