SÃO PAULO (Reuters) - Não faltam perseguições de carro, tiros, muitas explosões e testosterona no novo filme de Michael Bay, “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”. Todas as marcas da pirotecnia visual do cineasta de grande sucesso comercial e gosto duvidoso estão presentes, além de seus fetiches de exaltação por tudo que seja militar e/ou relacionado a machos alfa.
Há, no entanto, uma certa contenção no uso desses elementos que torna o novo esforço do diretor e produtor um trabalho mais centrado e amadurecido do que seus filmes de franquias, como “Transformers” e “As Tartarugas Ninja”.
O retrato aqui é do ataque à instalação diplomática dos Estados Unidos e ao complexo da CIA em Benghazi, ocorrido entre a noite de 11 de setembro de 2012 e o amanhecer do dia seguinte, que levou à morte do embaixador norte-americano Christopher Stevens e de mais três pessoas.
Baseado no livro de Mitchell Zuckoff, o roteiro de Chuck Hogan acompanha, durante aqueles momentos decisivos, os seis ex-militares contratados para proteger os agentes da inteligência.
O foco recai em Jake Silva (John Krasinski), ex-fuzileiro naval e novato no grupamento. Pelas descrições do amigo dele, Tyrone 'Rone' Woods (James Badge Dale), o público conhece junto a dinâmica do serviço e daquele lugar.
Contudo, o tempo gasto nesta apresentação acaba estendendo demasiadamente o filme, já que o segundo e o terceiro ato são dedicados exclusivamente ao fogo cruzado, com detalhismo e tensão. Aliás, a montagem se demonstra um tanto confusa quanto à distribuição espacial de cada um em alguns instantes.
Dentro da equipe, os estereótipos escancaram a função restrita e unilateral dos outros componentes da segurança, como a de alívio cômico de Kris 'Tanto' Paronto (Pablo Schreiber).
O roteiro ainda recai em soluções fáceis e incoerentes e no sentimentalismo acentuado por uma trilha sonora exagerada, como na cena totalmente fora de tom no drive-thru do McDonalds.
Novamente abordando uma temática que lhe é cara, Bay traz à tona os conflitos na Líbia causados por grupos rebeldes após a queda do ditador Muamar Kadafi, cuja morte parecia prenunciar um período de paz naquele país.
Só que não foi isso que o futuro trouxe: ao contrário, a falência do Estado líbio fomentou, e ainda alimenta, braços do Estado Islâmico na região. Entretanto, todo o contexto histórico e as consequências da Primavera Árabe ali são apenas assunto para os créditos iniciais e finais, já que o longa prefere a ação pela ação e, claro, unicamente o ponto de vista norte-americano.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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