SÃO PAULO (Reuters) - Com uma inexatidão vista apenas em contos de fadas, a aventura de época "O Imperador" é uma curiosidade. Dirigida por Nick Powell, mais conhecido por ser dublê de filmes de ação (como "Identidade Bourne"), do que assistente de direção (em "Nacho Livre"), a narrativa se passa inteiramente em algum lugar, com algum sultão ou rei, sem jamais identificar o contexto dos conflitos.
No roteiro escrito por James Dormer (de séries de TV como "Simbad"), Jacob (Hayden Christensen) é um cavaleiro cruzado (imagina-se templário), que em algum momento histórico está no Oriente Médio. Lidera um grupo de homens para combater um sultão turco, que protege sua família em um palácio, invadido pelos cavaleiros. A sanguinolência da batalha acaba decepcionando seu mentor Gallain (Nicolas Cage, aqui como coadjuvante).
No recorte de três anos após dessas ações, a história segue para "o extremo oriente", onde um imperador (provavelmente chinês, já que todos falam inglês), à beira da morte, elege como sucessor seu bondoso caçula, enfurecendo seu aguerrido e violento primogênito Shing (Andy On). Por isso, o jovem futuro rei deve fugir para outra província, para não ser morto.
Na perseguição, acaba se deparando com Jacob, que vive à base de ópio para esquecer a violência de sua vida pregressa. Não se entende muito bem porquê o cavaleiro decide ajudar o rapaz, mas assim o faz. Para isso, contará com a ajuda de Gallain, que agora vive pela região, morando excentricamente em uma caverna, cercado de cobras e bandidos.
Pode-se imaginar que a mirabolante produção tenha como ponto de partida aproximar mercados, o chinês e o americano, unindo seus estilos. Mas faltam aqui qualquer referência ou estilo que possam justificar a produção. Não há artes marciais, as cenas de ação não apresentam qualquer sofisticação e é com grande dificuldade que se acompanha as trêmulas tomadas de Powell, escolha que não faz nenhum sentido.
No elenco, Christensen não tem onde se apoiar e Cage parece divertir-se com seu personagem bizarro, que, afinal, não tem qualquer resquício da honra ou altruísmo desde o início. Mesmo o formato, que lembra mais filme para a TV, parece amador demais para as telas de cinema.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb 2015-02-11T182458Z_1006900001_LYNXMPEB1A0XL_RTROPTP_1_CULTURA-FILME-ESTREIA-CAGE.JPG