SÃO PAULO (Reuters) - Uma das constantes críticas que se faz às produções de Michael Bay é sobre a notória preferência dada à pirotecnia dos efeitos especiais no lugar de uma história mais consistente para contar.
Há que se reconhecer que “13 horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”, o último filme que dirigiu, é ponto fora da curva, pois “Armageddon” (1998), “Pearl Harbor” (2001) e a franquia “Transformers” (que chegará ao quinto filme em 2017) mostram uma constante naquele sentido espetaculoso.
Embora apenas produza a cinessérie das “Tartarugas Ninja” (dirigida, agora, por Dave Green), a mão forte de Bay prevalece em toda a estrutura. A primeira problemática de ”As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras” é a de não valer por si. É preciso muito entendimento do universo das tartarugas para perceber e entender os conflitos. A começar pelo que dá nome ao filme: “fora das sombras”. Na sequência dos acontecimentos do primeiro, Leonardo, Michelangelo, Donatello e Raphael (gerados por computador com base nos atores Pete Ploszek, Noel Fisher, Jeremy Howard e Alan Ritchson, respectivamente) salvaram Nova York do vilão Destruidor.
Porém, como são mutantes e podem criar pânico entre a população, as glórias da vitória vão para o cinegrafista trapalhão Vernon (Will Arnett), que se refestela como nova celebridade. O Destruidor (Brian Tee) e seu Clã do Pé, no entanto, planejam uma fuga, e o quarteto precisa ir atrás do malfeitor. O problema é que eles passam da adolescência a um estado mais maduro e precisam perceber a consequência de se expor. Aqui, sair das sombras e aparecer publicamente. O jogo muda quando aparece em cena o vilão-mor Krang, que veio de outra dimensão graças aos experimento feitos pelo cientista do Clã do Pé, Baxter (Tyler Perry). Será ele quem iniciará o empreendimento para destruir o planeta, que apenas as tartarugas ninja poderão enfrentar. Como se reinventou uma versão da origem para os cinemas, há uma certa confusão sobre quem é quem e porque fazem o que fazem. Nesse mundo fantástico, com criaturas bizarras e vilões atrapalhados, não se trata de uma limitação imposta ao roteiro, mas do fraco exercício que molda os personagens.
Splinter (Tony Shalhoub), April (Megan Fox), a chefe de polícia Vincent (Laura Linney), Casey Jones (Stephen Amell) estão ali apenas como objetos de cena, com uma ou outra ponta na ação intermitente que move o filme. Mesmo os protagonistas, considerando que se trata de um filme infantil de ação, perdem muito tempo se engalfinhando sobre os próprios problemas (de não sair das sombras). Mesmo assim, trata-se de conflito superficial, sem nenhuma real epifania sobre adolescência e maturidade. Enfim, um problema de roteirização. Afinal, Leonardo, Michelangelo, Donatello e Raphael divertem e estão no centro de ações, cujo desenho de produção é extremamente competente. Mas é apenas o que o filme entrega. Isso e pipoca.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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