SÃO PAULO (Reuters) - Embora a perda do personagem do comediante e escritor Gregório Duvivier na narrativa seja notada, em relação à surpreendente dinâmica cômica de "Vai que dá Certo" (2013), sua sequência, "Vai que dá certo 2", consegue manter grande parte do humor de sua antecessora. Isso porque o diretor Maurício Farias (agora, com a colaboração do codiretor Calvito Leal) une um bom tino comercial para a comédia, com o inegável talento de seu elenco.
Esses elementos que dão solidez à produção devem, claro, ser vistos com certa prudência. Não há preocupação estética sofisticada como obra ou apuro realístico ao que se identifica como "cenas de ação".
Trata-se de um filme para fazer rir, e quem o assiste deve estar afinado ao tipo de humor que se estabelece no roteiro, escrito por vários autores, incluindo Fábio Porchat, um dos protagonistas. Com a saída de Vaginho (Duvivier), resta ao quarteto trapalhão formado por Rodrigo (Danton Mello), Amaral (Porchat), Tonico (Felipe Abib) e Danilo (Lucio Mauro Filho) tocar a vida. E esta, na fase dos 30 anos, não é nada fácil pela clara falta de perspectivas dos personagens, cujo único "trabalho" real parece ser estar desempregado. Uma forma de ganhar dinheiro fácil aparece quando uma gravação comprometedora do malandro Elói (Vladimir Brichta), que está prestes a dar um golpe do baú em uma milionária, cai nas mãos do grupo de amigos. O filho da futura vítima oferece uma quantia milionária em troca das imagens, mas os planos não saem como o esperado, como é de se supor. Utilizando como arma a comédia, Farias e Leal falam de uma cultura com pouca ética, em que o corruptor (aqui, praticantes de golpes e chantagens) pode ser qualquer um, seja um policial, político, a prima sensual (Verônica Debom) ou o rapaz que passa o dia jogando videogame. Também apontam, mesmo que superficialmente, para uma idiotia de jovens adultos (algo muito geracional) em que não existe um propósito a seguir. Esses aspectos podem ficar fora do radar do espectador que pretende apenas se divertir com o histrionismo de Porchat e Abib, que realmente funciona, assim como do apelo mais dramático e de humor incidental de Mello e Natália Lage (no papel, agora, de esposa de Rodrigo).
Mas é possível simplesmente relaxar e seguir as atitudes dos próprios personagens e, por isso, talvez seja melhor não pensar em coisa séria.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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