SÃO PAULO (Reuters) - A série “Meu Malvado Favorito” chega ao terceiro episódio tentando se reinventar com um novo personagem, Gru, irmão gêmeo do protagonista Dru, ambos dublados por Steve Carell, na versão original, e Leandro Hassum, na brasileira.
Apesar do esforço e de alguns bons momentos, o que os diretores Pierre Coffin (que dubla os minions em sua linguagem incompreensível) e Kyle Balda não conseguem esconder, no entanto, é que já há um certo sinal de cansaço nas tramas e personagens.
No primeiro filme, o vilão Gru precisou deixar de lado as vilanias para cuidar de suas três filhas adotivas. No segundo longa, ele encontra o amor, na figura de Lucy Wilde (Kristen Wiig/ Maria Clara Gueiros), que, por sua vez, agora precisa aprender a ser a mãe das garotas.
No novo longa, a descoberta de um irmão aperta ainda mais os laços de ternura, salientando o tema da série, nada mais sendo do que a exaltação dos valores familiares.
O vilão desta vez é Balthazar Bratt (Trey Parker/ Evandro Mesquita), uma ex-criança prodígio que viveu dias de glória nos anos de 1980, quando tinha um programa de televisão em que ele era extremamente mal-comportado. E essa era graça, porque era apenas um menino.
Quando os hormônios chegaram, ele cresceu e as espinhas apareceram, ele deixou de ser amado pelo público, a tal ponto que vive preso no seu passado dourado, de três décadas atrás.
O personagem é o que há de melhor no filme -- apesar dos excessos de referências da cultura pop, que, a certa altura, se tornam enfadonhos. Vivendo preso na sua fantasia de um mundo que não abandonou as ombreiras, nem os mullets, ele ataca com brinquedos daquela época.
A trilha sonora não podia deixar de acompanhá-lo, com direito a Michael Jackson, Madonna e outros ídolos daquela década.
Os minions, por sua vez, são quase deixados de lado, protagonizando uma subtrama (envolvendo uma greve porque Gru não faz mais maldades) sem graça ou sentido, que serve como pretexto para fazerem suas estripulias e dizerem suas falas incompreensíveis.
A bem da verdade, a maior razão de existir dessas criaturinhas nos filmes é para vender brinquedos fofinhos e irresistíveis. Fora isso, pouco se justifica sua existência.
Gru e Lucy perdem seus empregos na Liga Antivilã, quando Bratt tenta roubar um diamante valioso. Agora, para tentar provar que são competentes, farão de tudo para prender o ex-astro mirim.
Dru, por outro lado, mostra-se fiel à antiga tradição da família e também apronta suas vilanias. O único problema é que não é lá muito esperto ou competente. Caberão às três filhas pequenas de Gru alguns bons momentos no filme -- especialmente à caçula, Agnes, em busca de seu unicórnio perdido.
Originalmente, “Meu Malvado Favorito” foi concebido como uma trilogia – embora já tenha também rendido um spin-off em “Minions”, lançado em 2015. Dada a alta lucratividade da franquia e o final com um gancho para um novo filme, é pouco provável que os produtores vão parar por aí, mesmo com os personagens e tramas já se mostrando esgotados.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb