SÃO PAULO (Reuters) - Primeiro, era Los Angeles em pleno Dia dos Namorados. Depois, foi Nova York no pique da véspera de Ano Novo. Agora, é o momento de Atlanta ser o cenário de novas histórias, desta vez, sobre o Dia das Mães. É assim, com “O Maior Amor do Mundo”, que Garry Marshall, especialista em comédias românticas que realizou os clássicos “Uma Linda Mulher” (1990) e “Noiva em Fuga” (1999), parece terminar sua trilogia do amor nas datas comemorativas.
Além dos feriados, os três filmes têm em comum a presença de um grande e estelar elenco, dividido em várias tramas ligeiramente interligadas, que proporcionam a mesma coleção de clichês piegas e personagens superficiais. A grande diferença aqui em relação aos outros é que, além das relações familiares, ou melhor, maternais, serem mais importantes do que qualquer paixão, há menos personagens, com um recorte reduzido e uma figura centralizadora.
Quem faz esta função é Sandy, uma mãe de dois filhos vivida por Jennifer Aniston, que liga todas as histórias em seus seis graus de separação. Seu drama, no caso, é ter de lidar com a ameaça à sua figura materna causada pela nova mulher (Shay Mitchell) do ex e pai de suas crianças, Henry (Timothy Olyphant).
Enquanto isso, em um encontro no mercado, ela flerta com Bradley (Jason Sudeikis), pai que cuida sozinho de suas duas filhas depois da morte da mulher (Jennifer Garner), uma fuzileira – aliás, a fixação militar do diretor está em toda trilogia – falecida há um ano.
Designer, Sandy tenta trabalhar para Miranda Collins, famosa apresentadora de TV de programas de vendas de joias, interpretada pela habitué nos longas de Marshall, Julia Roberts – com uma estranha peruca. Sandy também conhece Kristin (Britt Robertson), jovem mãe que evita casar com o amoroso namorado (Jack Whitehall), por causa de traumas do passado.
Quem a apresenta é sua amiga Jesse (Kate Hudson), casada e mãe de um menino com o médico indiano Russell (Aasif Mandvi), e que mora em frente à casa da irmã Gabi (Sarah Chalke), que, por sua vez, vive com a companheira Max (Cameron Esposito) e o filho. Nenhum problema, se as duas não escondessem suas vidas de seus pais racistas e homofóbicos, que vivem no Texas.
Esse é, talvez, o segmento mais problemático da produção, pelas sérias questões envolvidas que necessitariam de tempo suficiente para um desenvolvimento dos personagens que justificasse suas ações e mudanças de pensamento. O roteiro de Tom Hines – parceiro do diretor em trabalhos mais antigos –, Lily Hollander, Anya Kochoff e Matthew Walker também manda o espectador esquecer a lógica, especialmente de tempo e espaço, quando chega a seu desfecho, que abusa do humor pastelão.
Muito longe da eficiência e memória afetiva conquistadas por “Simplesmente Amor” como um marco neste rol de filmes coral mais comerciais, “O Maior Amor do Mundo” ainda consegue ser um entretenimento familiar que causa leves risos na plateia, particularmente com Aniston na tela, com maior potencial para futura exibição na televisão.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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