SÃO PAULO (Reuters) - Décimo oitavo filme do veterano diretor francês Robert Guédiguian, "O Fio de Ariane" celebra também seu longo casamento e parceria com a atriz Ariane Ascaride, aqui novamente sua musa, pela 16ª vez.
O trabalho mistura gêneros e se define como uma fantasia, ancorada nas singulares aventuras de uma mulher, Ariane (Ariane Ascaride), a partir do dia de seu aniversário. Ela prepara um bolo e uma festa. Está à espera da família e dos convidados. Mas, um a um, todos telefonam e avisam que não podem vir.
Arrasada, ela pega seu carro e sai pelas ruas de Marselha, num passeio que a levará bem longe. O primeiro obstáculo é um congestionamento, numa ponte. Ali ela conhece um jovem (Adrien Jolivet), que propõe levá-la a um restaurante em sua Vespa.
O local é um velho café, l"Olympique, que funcionará como uma espécie de nova casa para Ariane – por um motivo, ou por outro, ela não consegue sair dali e é acolhida por uma singular nova trupe, incluindo o dono do local, Denis (Gérard Meylan), um aposentado que posa como americano, Jack (Jacques Boudet), e um vigia africano, Martial (Youssouf Djaoro).
Com uma leveza peculiar, a história, roteirizada pelo próprio Guédiguian e por Serge Valetti, segue uma jornada luminosa entre suas referências – como Tchecov e Fellini – , com uma admirável liberdade criativa, que permite extrair o melhor de seus intérpretes, como seus habituais Meylan e também Jean-Pierre Darroussin, no duplo papel de um motorista de táxi e de diretor de teatro.
A musa Ariane enche a tela e dá o seu melhor, oscilando do drama à comédia e ao romance, passando até por um número musical, perto do fim, em que ela canta e dança "Quem cria fama, deita na cama", da dupla Kurt Weill e Bertolt Brecht. Imaginação, humor e poesia garantem a diversão.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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