SÃO PAULO (Reuters) - Diretor tarimbado na televisão (como a recente série “Justiça”), o mineiro José Luiz Villamarin estreia em longas com o requintado drama “Redemoinho”, a partir de livro de Luiz Ruffato, roteirizado por George Moura e contando com um elenco admirável – e que ele conduz com notável precisão.
O filme venceu dois prêmios no Festival do Rio 2016 – Especial do Júri e melhor ator para Júlio Andrade (que foi premiado ali também por outro papel, no drama “Sob Pressão”).
Ambientado o drama na mítica Cataguases (cenário do sonho cinematográfico de Humberto Mauro e também terra natal de Ruffato), desenrola-se o duelo entre dois velhos amigos, que se reencontram após muitos anos de distância: Luzimar (Irandhir Santos), o amigo que ficou na pequena cidade e tornou-se supervisor da tecelagem local; Gildo (Julio Andrade), que partiu para São Paulo e ganhou dinheiro, levando uma vida que em tudo parece oposta à do amigo que nunca deixou seu lugar.
O coração do filme é esta conversa entre os dois, entrecortada às vezes pelas participações de duas mulheres – a mãe de Gildo (Cássia Kiss Magro), a mulher de Luzimar, Toninha (Dira Paes) e a irmã dele (Cyria Coentro) e que desafiam, em interpretações de um poder sutil, a sua opacidade neste universo masculino feroz.
Irandhir e Julio mostram, mais uma vez, porque são dois dos melhores atores do cinema brasileiro atual, desdobrando as camadas de emoções represadas por décadas, que vão explodindo aos borbotões, à medida que a noite cai e que a cerveja solta as amarras.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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