Por Jonathan Landay e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá anunciar, no discurso do Estado da União, nesta quinta-feira, que o Exército do país vai construir um porto temporário na costa do Mar Mediterrâneo na Faixa de Gaza para que a região possa receber ajuda humanitária pelo mar, afirmaram autoridades do governo. O planejamento da operação, que inicialmente terá o Chipre como base, não prevê o envio de militares à Faixa de Gaza, afirmaram autoridades em coletiva de imprensa.
Elas também disseram que o Hamas está atrasando um novo acordo de um cessar-fogo de seis semanas com Israel e a libertação de reféns, porque o grupo, que governa o enclave, não concordou em libertar prisioneiros doentes e idosos.
O acordo "está na mesa agora e tem estado por mais de uma semana", disse uma autoridade, referindo-se às negociações que ocorrem no Egito. A autoridade acrescentou que um cessar-fogo temporário é necessário "para levar alívio imediato ao povo de Gaza". O Hamas responsabiliza Israel pelo impasse, por rejeitar suas demandas de encerrar a ofensiva militar e retirar suas forças da Faixa de Gaza.
A decisão de Biden de ordenar a construção do porto temporário ocorre em meio a alertas da ONU sobre a fome generalizada entre os 2,3 milhões de palestinos do enclave após quase cinco meses de conflito.
Aliado de Israel, Biden enfrenta pressão política cada vez maior para acabar com a ofensiva israelense, incluindo um movimento de protesto entre eleitores democratas que não o apoiam nas primárias de seu partido para as eleições gerais de novembro. Biden dirá ao Congresso que vai ordenar que os militares dos EUA "realizem uma missão emergencial para estabelecer um porto na Faixa de Gaza, trabalhando com países que pensam da mesma forma e parceiros humanitários", disse uma das fontes.
Washington trabalhará com parceiros e aliados europeus e regionais para formar uma coalizão internacional de países que devem contribuir com recursos e fundos, disseram as autoridades. Uma autoridade israelense disse que a nação "apoia totalmente a construção de uma doca temporária" na costa de Gaza e que a operação "será realizada com total coordenação entre as duas partes". Grandes áreas de Gaza foram destruídas e a maior parte da população foi deslocada pelos intensos bombardeios israelenses e pelos combates desencadeados pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.
Segundo Israel, a incursão do Hamas causou 1.200 mortes e os militantes do grupo sequestraram 253 reféns. As autoridades de saúde de Gaza dizem que o número de pessoas mortas na ofensiva subsequente lançada por Israel ultrapassou 30.800. (Reportagem de Steve Holland, Jonathan Landay, Katharine Jackson; reportagem adicional de Matt Spetalnik)