DUBAI/WASHINGTON/BAGDÁ, (Reuters) - O Irã refutou o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por um novo acordo nuclear e um comandante iraniano ameaçou realizar mais ataques depois que os dois lados pareceram recuar de um conflito mais amplo após o assassinato de um general iraniano por parte dos EUA e ataques de mísseis retaliatórios de Teerã.
O temor de que o Oriente Médio estivesse à beira de uma guerra mais ampla se amenizou depois que Trump fez um discurso na quarta-feira no qual evitou falar em novas ações militares, mas o próximo passo de cada lado no conflito não está claro.
O Irã lançou mísseis contra instalações do Iraque que abrigam tropas norte-americanas em retaliação ao ataque de drone dos EUA que matou o poderoso general iraniano Qassem Soleimani em Bagdá no dia 3 de janeiro. O ministro das Relações Exteriores do Irã disse que isso "concluiu" a reação de Teerã ao assassinato.
As ações vieram na esteira de meses de uma tensão que cresceu de forma constante desde que os EUA se retiraram do pacto nuclear do Irã com potências estrangeiras em 2018 e reativou sanções que reduziram as exportações iranianas de petróleo e abalaram sua economia.
Trump disse aos norte-americanos na quarta-feira: "O fato de que temos essas Forças Armadas e equipamentos fantásticos, no entanto, não significa que temos de usá-los. Não queremos usá-los".
Os mísseis iranianos lançados contra bases militares no Iraque não feriram nenhum soldado dos EUA, disse.
O Irã "parece estar recuando, o que é uma coisa boa para todas as partes envolvidas".
O presidente também disse que é hora de as potências estrangeiras substituírem o acordo nuclear de 2015 com Teerã por um novo que permita ao Irã "desabrochar e prosperar".
Mas Trump, que sofreu um impeachment na Câmara dos Deputados no mês passado e enfrenta uma eleição neste ano, disse que imporá mais sanções rígidas ao Irã, sem especificar o que isso implicaria.
O embaixador iraniano na Organização das Nações Unidas (ONU), Majid Takht Ravanchi, respondeu dizendo que Teerã não consegue confiar em nenhuma proposta de diálogo quando Trump ameaça intensificar o "terrorismo econômico" com sanções, relatou a agência de notícias oficial Irna.
A poderosa Guarda Revolucionária do Irã também fez novas ameaças a Washington, e um comandante de alta patente, Abdollah Araghi, alertou para uma "vingança mais áspera em breve" após os ataques com mísseis, noticiou a mídia iraniana.
Os comentários dos militares contrastaram com as colocações feitas na quarta-feira pelo chanceler iraniano, Javad Zarif, que disse que Teerã não quer uma escalada.
(Por Ahmed Aboulenein e Ahmed Rasheed, em Bagdá; Babak Dehghanpisheh, Parisa Hafezi e Ghaida Ghantous, em Dubai; e Jeff Mason, em Washington)