Por Christine Kim
SEUL (Reuters) - Forças da Coreia do Sul e dos Estados Unidos iniciaram exercícios militares simulados por computadores nesta segunda-feira em meio à tensão resultante dos programas de armas da Coreia do Norte, e um levantamento segundo o qual o regime lucrou milhões de dólares com exportações deve despertar questionamentos a respeito do impacto das sanções.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que os exercícios conjuntos, chamados Guardião da Liberdade Ulchi, são puramente defensivos e não almejam elevar a tensão na península.
"Não existe intenção alguma de intensificar a tensão militar na península coreana, já que estes exercícios são realizados anualmente e são de natureza defensiva", disse Moon aos ministros de seu gabinete.
"A Coreia do Norte não deveria exagerar nossos esforços para manter a paz, nem deveria fazer provocações que agravariam a situação, usando (os exercícios) como desculpa", disse.
As manobras conjuntas EUA-Coreia do Sul vão até 31 de agosto e envolvem simulações de computador projetadas para preparar os dois países para uma guerra com uma Coreia do Norte, que é dotada de poderio nuclear.
Os EUA também as descrevem como "de natureza defensiva", um termo que a mídia estatal norte-coreana rejeitou por vê-lo como uma "máscara enganadora".
"É para nos preparar se algo grande ocorrer e precisarmos proteger a RDC", disse Michelle Thomas, porta-voz dos militares norte-americanos, referindo-se à Coreia do Sul pelo seu nome oficial, República da Coreia.
Pyongyang vê tais exercícios como preparativos para uma invasão, e disparou mísseis e adotou outras ações para mostrar sua irritação com exercícios militares no passado.
As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, já que o conflito de 1950-53 terminou com uma trégua, não um tratado de paz.
O progresso norte-coreano rápido no desenvolvimento de armas nucleares e mísseis capazes de atingir o território continental dos EUA alimentou uma tensão regional, e sanções lideradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) parecem não ter sido capazes de abalar o regime o suficiente para alterar seu comportamento.
A China, maior aliada e parceira comercial de Pyongyang, exortou Washington e Seul a descartarem os exercícios, e a Rússia também pediu que as manobras não aconteçam, mas os EUA não recuaram.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, disse que as duas Coreias e os EUA precisam se esforçar para amenizar a tensão.
(Reportagem adicional de Ben Blanchard, em Pequim)