Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os Estados Unidos ficaram ainda mais isolados nesta segunda-feira em relação à decisão do presidente Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel quando bloquearam um pedido do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para que a declaração fosse retirada.
Os outros 14 membros do conselho votaram a favor de uma resolução redigida pelo Egito, que não mencionou os EUA ou Trump especificamente, mas expressou "profundo pesar com decisões recentes relativas ao status de Jerusalém". "O que testemunhamos aqui no Conselho de Segurança é um insulto. Não será esquecido", disse a embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, após a votação.
Foi o primeiro veto lançado pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança em mais de seis anos, afirmou Haley.
O chanceler palestino, Riyad al-Maliki, disse que os palestinos pedirão uma reunião de emergência da Assembleia Geral da ONU após o veto norte-americano.
O projeto de resolução afirmava que "quaisquer decisões e ações que pretendam ter alterado o caráter, status ou composição demográfica da Cidade Sagrada de Jerusalém não têm efeito legal, são nulas e devem ser rescindidas em conformidade com resoluções relevantes do Conselho de Segurança". Trump reverteu décadas de política externa dos EUA repentinamente neste mês ao reconhecer Jerusalém como a capital israelense, provocando revolta nos palestinos e no mundo árabe e preocupação entre os aliados ocidentais de Washington. Trump também planeja transferir a embaixada de seu país de Tel Aviv para Jerusalém.
"Na esteira da decisão dos Estados Unidos... a situação se tornou mais tensa com um aumento de incidentes, particularmente foguetes disparados de Gaza e choques entre forças de segurança palestinas e israelenses", disse o enviado da ONU para a paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, ao Conselho de Segurança antes da votação.
Ele informava o conselho sobre a implantação de uma resolução adotada em dezembro de 2016 que exigia um fim à construção de assentamentos israelenses. Mladenov disse que "nenhum passo do tipo" foi dado pelo Estado judeu. Aquela resolução foi aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção do governo do ex-presidente norte-americano Barack Obama, que desafiou a pressão de Israel e do então presidente eleito Trump para Washington exercitar seu veto. "Pedimos a todos os lados para virem e negociarem... não para virem ao Conselho de Segurança ou à Assembleia Geral, é uma perda de tempo. A única maneira de seguir em frente é com negociações diretas", disse Danny Danon, embaixador de Israel na ONU, aos repórteres antes da votação desta segunda-feira. O esboço de resolução também conclamou todos os países a evitarem estabelecer missões diplomáticas em Jerusalém. "Está alinhado a resoluções anteriores do Conselho de Segurança", disse o embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft, sobre o texto vetado. Israel diz que Jerusalém é sua capital indivisível. O Estado judeu capturou Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967 e a anexou, uma ação jamais reconhecida internacionalmente. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital do futuro Estado que almejam em territórios que Israel conquistou meio século atrás.