Por Jonas Ekblom e Isla Binnie
BRUXELAS/MADRI (Reuters) - A Europa lançou nesta quarta-feira um "Acordo Verde" para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, com o objetivo de impulsionar a luta mundial contra a mudança climática, no mesmo dia em que a jovem ativista Greta Thunberg repreendeu líderes políticos e empresariais pela falta de ação.
Diante dos incêndios, inundações e secas que estão arruinando milhões de vidas em todo o mundo, o novo Executivo da União Europeia apresentou o plano como o "momento homem na Lua" do bloco, nutrindo entre os ativistas a esperança de que grandes emissores poderão seguir o exemplo.
Mas o descompasso entre o ritmo da ação da Europa e de outras grandes economias e o tipo de mudança transformadora que os cientistas dizem ser necessária para preservar um clima hospitaleiro causou fúria nas negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) em Madri.
"Tenho certeza de que, se as pessoas ouvissem o que está acontecendo e o que foi dito... durante estas reuniões, ficariam revoltadas", disse Greta na cúpula. Pouco após o discurso, ela foi anunciada pela revista Time como Personalidade do Ano de 2019
"Parece ter se tornado um tipo de oportunidade para os países negociarem brechas e para evitar aumentarem sua ambição", acrescentou ela, acusando os políticos de "contabilidade esperta" e de "relações públicas criativas".
Horas mais tarde, a polícia retirou mais de 100 manifestantes majoritariamente jovens, alguns dos quais gritavam para exigir "Justiça Climática", que foram responsáveis por uma rara uma intrusão de emoção nas conversas climáticas de duas semanas da ONU.
Em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, retratou o Acordo Verde, sua primeira proposta de peso desde que tomou posse no dia 1º de dezembro, como um grande passo no comprometimento com a neutralidade climática da UE até 2050.
"Hoje é o início de uma jornada. Mas este é o momento homem na Lua da Europa", disse ela a repórteres.
Embora a ação visionária expressa por Von der Leyen tenha contrastado com a falta de novos compromissos de outros grandes emissores nas conversas de Madri, muitos questionam o quão rapidamente o bloco consegue se empenhar para ter um futuro de carbono baixo.
Estados do leste europeu dependentes de carvão querem obter garantias financeiras antes de apoiarem o Acordo Verde, e ativistas alertaram que a iniciativa fica aquém das grandes transformações que afirmam serem necessárias para salvar ecossistemas em extinção.
"Estamos em um trem desgovernado rumo a um colapso ecológico e climático, e a Comissão da UE está trocando de marchas tranquilamente ao invés de pisar forte no freio", disse Jagoda Munic, diretor do grupo ambientalista Amigos da Terra na Europa.
(Por Isla Binnie, Matthew Green e Jake Spring, em Madri; Jonas Ekblom e Gabriela Baczynska, em Bruxelas; e Barbara Goldberg, em Nova York)