Por Brian Ellsworth e Sarah N. Lynch
(Reuters) - Registros lacrados contendo evidências apresentadas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos para garantir aprovação legal para realizar uma busca na casa de Donald Trump na Flórida serão foco de uma audiência nesta quinta-feira, quando organizações de notícias tentarão persuadir um juiz federal de que o público deve ter acesso aos detalhes.
O Departamento de Justiça se opôs à divulgação do depoimento contendo as evidências, as quais teriam feito os investigadores acreditarem que crimes foram cometidos na casa de Trump em Palm Beach.
A busca no resort Mar-a-Lago de Trump foi parte de uma investigação federal sobre se o ex-presidente removeu da Casa Branca de forma ilegal documentos quando deixou o cargo em janeiro de 2021, depois de perder a eleição presidencial para o democrata Joe Biden.
O Departamento de Justiça está investigando violações de três leis, incluindo uma disposição da Lei de Espionagem que proíbe a posse de informações de defesa nacional e outra lei que considera crime destruir, ocultar ou falsificar registros com a intenção de obstruir uma investigação.
Advogados de vários meios de comunicação, incluindo The New York Times, o responsável pelo Wall Street Journal, a ABC News e a NBC News pedirão ao juiz Bruce Reinhart nesta quinta-feira para abrir a declaração e outros materiais relacionados arquivados no tribunal, dizendo que o direito do público saber e o significado histórico da busca superam quaisquer argumentos para manter os registros lacrados.
Trump, em declarações nas redes sociais, pediu ao tribunal que abra a versão não redigida do depoimento "no interesse da transparência". Mas nenhum de seus advogados apresentou moção pedindo ao tribunal federal de West Palm Beach para fazê-lo.
Trump diz que a busca foi politicamente motivada. Ele também disse, sem fornecer provas, que tinha uma ordem permanente para que os documentos em questão deixassem de ser segredo.
A busca em Mar-a-Lago marcou uma escalada significativa em uma das muitas investigações federais e estaduais que Trump está enfrentando desde seu período no cargo e em negócios privados. O ex-presidente republicano sugeriu que pode concorrer à Casa Branca novamente em 2024, mas não se comprometeu.
Na semana passada, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, deu o passo altamente incomum de divulgar publicamente o mandado de busca, dois anexos e uma versão editada do recibo mostrando os itens que o FBI apreendeu durante sua busca em 8 de agosto.
Os registros mostraram que o FBI apreendeu caixas contendo 11 conjuntos de materiais sigilosos, alguns dos quais foram rotulados como "top secret" - o mais alto nível de classificação reservado para as informações de segurança nacional dos EUA.
Esses documentos geralmente são mantidos em instalações especiais do governo porque a divulgação pode causar sérios danos à segurança nacional.
(Reportagem de Brian Ellsworth em West Palm Beach, Florida, e Sarah N. Lynch em Washington)