Por Ben Blanchard
PEQUIM (Reuters) - Um dos mais altos oficiais militares chineses acusados de corrupção morreu de câncer, informou a agência de notícias estatal Xinhua nesta segunda-feira, poupando o governo do que poderia ter sido um julgamento embaraçoso.
Xu Caihou aposentou-se como vice-presidente da poderosa Comissão Central Militar em 2013. Um ano antes, ele deixou o Politburo, principal instância decisória do Partido Comunista da China.
Em um breve comunicado divulgado pouco depois da meia-noite, a Xinhua informou que Xu havia morrido no hospital no domingo, por falência múltipla de órgãos em decorrência de câncer de bexiga. As autoridades já haviam informado que ele estava doente.
Apesar da morte, seus "ganhos ilegais" ainda serão tratados em conformidade com a lei, acrescentou a agência, sem fornecer mais detalhes. O Ministério da Defesa da China publicou a mesma notícia da Xinhua em seu site. Não foi possível de imediato entrar em contato com a família para declarações sobre o assunto.
O diário oficial do Exército de Libertação do Povo afirmou em seu microblogue que Xu terminou sua "vida patética e vergonhosa" em uma cama de hospital, sob supervisão. "A corrupção nas Forças Armadas é o tipo mais perigoso, pois, se o militar tolera a corrupção, tolera a derrota no campo de batalha", acrescentou.
O presidente Xi Jinping lidera a Comissão Militar Central, órgão controlador das Forças Armadas, com 2,3 milhões de integrantes, e fez da eliminação da corrupção no meio militar uma de suas principais metas.
O governo afirmou em outubro que Xu havia confessado a entrega de "enormes" subornos para obter ajuda em promoções.
Segundo a mídia estatal, Xu estava sob investigação desde março do ano passado. Sua morte significa que o Partido Comunista não terá de correr o risco de enfrentar o constrangimento que poderia advir do julgamento, com a possível revelação de detalhes da corrupção nos mais altos escalões do poder, embora todo esse procedimento provavelmente vá ser realizado a portas fechadas.
A China também está investigando um segundo ex-alto oficial militar, Guo Boxiong, de 72 anos, por suspeita de corrupção, disseram recentemente duas fontes independentes à Reuters.
Boxiong também foi vice-presidente da Comissão Militar Central, cargo que deixou em 2012. O governo ainda não confirmou essa investigação.
A China intensificou a repressão contra a corrupção nas Forças Armadas no final de 1990, proibindo o Exército de tomar parte de negócios. Mas nos últimos anos os militares têm se envolvido em assuntos comerciais, devido à falta de controles, dizem analistas militares.
(Reportagem de Jeremy Laurence)
REUTERS PF AC