Por William James
LONDRES (Reuters) - O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair fez um apelo contra o chamado "Brexit duro" nesta sexta-feira, pedindo que eleitores, empresários e ativistas se "insurjam" e apoiem um esforço coordenado para suavizar, ou até frear, os termos rígidos do processo de separação britânica da União Europeia.
Em sua primeira grande intervenção política desde que seus conterrâneos decidiram romper com a UE por uma maioria de 52 por cento dos votos em um referendo em junho, Blair disse que a premiê conservadora, Theresa May, está buscando o "Brexit a qualquer preço" e que deve ser contestada.
"O povo votou sem conhecimento dos termos do Brexit. À medida que estes termos se tornam claros, é seu direito mudar de ideia. Nossa missão é persuadi-los a fazê-lo", afirmou em um discurso.
"Esta não é a hora do recuo, da indiferença ou do desespero, mas a hora de se erguer em defesa do que acreditamos."
May prometeu iniciar o processo legal de separação da UE no mês que vem, e não está claro se ele ainda pode ser revertido. Sua visão é a de um rompimento total com o bloco, o que inclui sair de seu mercado comum e de sua união alfandegária.
Blair, que venceu três eleições à frente do Partido Trabalhista, também se pronunciou nos últimos 18 meses para alertar seus correligionários contra a eleição do político de esquerda radical Jeremy Corbyn como seu líder e para incentivar os eleitores a rejeitarem o Brexit --nenhuma das intervenções deu resultado.
Seu discurso teve como objetivo congregar grupos de lobby pró-UE heterogêneos e assustados para criarem um frente comum contra o Brexit, disse o grupo de campanha Open Britain, que organizou o evento.
"A estrada que estamos percorrendo não é simplesmente a do 'Brexit duro'. É a do 'Brexit a qualquer preço'", afirmou Blair. "Nosso desafio é expor incansavelmente qual é esse preço... e angariar apoio para encontrar um caminho para longe da atual disparada rumo ao precipício."
Blair disse estar criando um novo instituto para analisar a questão do Brexit e outros temas globais. Ele não chegou a pedir um segundo referendo sobre a desfiliação britânica da UE, dizendo que o mecanismo para os eleitores expressarem qualquer mudança de opinião é uma "questão de segunda ordem".