CABUL (Reuters) - O ex-presidente do Afeganistão Hamid Karzai acusou seu sucessor neste sábado de cometer traição ao permitir que os Estados Unidos jogassem a maior bomba convencional já utilizada em combate durante uma operação contra militantes do Estado Islâmico em território afegão.
Karzai, que prometeu "ficar contra a América", ainda tem considerável influência sobre a maioria étnica afegã Pashtun à qual o presidente Ashraf Ghani também pertence.
Suas palavras fortes podem sinalizar uma oposição política mais ampla que arriscaria a missão norte-americana no Afeganistão.
Autoridades de defesa do Afeganistão disseram que a bomba GBU-43, de quase 10 toneladas, jogada na quinta-feira na província de Nangarhar, matou cerca de 100 militantes, embora tenha admitido que o número é uma estimativa e não é baseado na contagem efetiva de corpos.
"Como você pode ter permitido que os americanos bombardeassem seu país com um armamento igual a uma bomba atômica", disse Karzai em um evento público em Cabul, questionando a decisão de Ghani. "Se o governo permitiu que eles fizessem isso, está errado e foi um ato de traição nacional."
O governo de Ghani disse que o ataque foi coordenado de perto entre forças afegãs e norte-americanas.
Embora a bomba seja descrita como um dos maiores artefatos não nucleares já utilizados, seu poder de destruição, equivalente a 11 toneladas de TNT, fica muito atrás, por exemplo, na comparação com as bombas utilizadas pelos EUA contra o Japão em 1945, relativamente pequenas, que tinham poder equivalente a até 20 mil toneladas de TNT.
(Por Mirwais Harooni)