LIMA (Reuters) - Um juiz peruano descartou nesta terça-feira uma investigação sobre o pagamento de subornos ao ex-chefe da Odebrecht no país, Jorge Barata, que agora pode se tornar um colaborador chave na Justiça em casos de corrupção no país andino.
Barata, um dos 77 executivos da Odebrecht [ODBES.UL] que recebeu redução de suas sentenças como parte de um acordo de delação no Brasil, envolveu até dois ex-presidentes do Peru em supostos subornos, mas seu depoimento não pode ser usado em julgamento, uma vez que ele enfrenta processos no país andino.
O executivo, que trabalhou para a Odebrecht no Peru durante quase duas décadas, estava sendo investigado num caso ligado à construção de uma rodovia que liga o Brasil e o Peru, e no qual ele foi processado por conluio.
"Serão suspensas todas as medidas cautelares que pesam contra ele somente neste processo, a fim de não afetar o desenvolvimento normal da colaboração efetiva", disse o juiz Richard Concepción Carhuancho.
A exclusão foi pedida pelo promotor Hamilton Castro, chefe de uma equipe de promotores que investigam a corrupção de empresas brasileiras no Peru.
Barata afirmou, de acordo com o Ministério Público peruano, que a Odebrecht financiou em 2011 a campanha eleitoral do ex-presidente Ollanta Humala, que cumpre prisão preventiva.
Ele também afirmou que o ex-presidente Alejandro Toledo recebeu suborno para a concessão de uma rodovia interoceânica no sul do país, construída pela Odebrecht.
Há algumas semanas, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht disse a promotores peruanos, segundo a imprensa local, que a Odebrecht financiou a campanha dos maiores candidatos do Peru e que Barata conhece os detalhes.
O presidente Pedro Pablo Kuczynski e a ex-candidata Keiko Fujimori negaram as acusações.
(Reportagem de Marco Aquino)