Por Steve Holland e Arshad Mohammed
WASHINGTON (Reuters) - O Irã desistiu de algumas de suas principais exigências sobre a retomada de um acordo para conter o programa nuclear de Teerã, incluindo sua insistência para que inspetores internacionais fechem algumas investigações de seu programa atômico, aproximando a possibilidade de um acordo, disse uma autoridade graduada dos Estados Unidos à Reuters na segunda-feira.
Os Estados Unidos pretendem responder em breve a um esboço de acordo proposto pela União Europeia que traria de volta o acordo nuclear de 2015 com o Irã que o ex-presidente Donald Trump abandonou e o atual presidente Joe Biden busca retomar.
A autoridade, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, disse que, embora Teerã tenha dito que Washington fez concessões, o Irã abandonou algumas de suas principais demandas.
"Eles voltaram na semana passada e basicamente deixaram de lado as principais pendências para um acordo", disse a fonte.
O Irã já cedeu em grande parte à sua exigência de que os Estados Unidos suspendam sua designação do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã como uma entidade de organização terrorista estrangeira (FTO), segundo a autoridade.
O Irã também queria uma garantia de que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encerraria as investigações envolvendo vestígios inexplicáveis de urânio.
A autoridade norte-americana disse que ainda existem lacunas entre os Estados Unidos e o Irã e que "pode demorar um pouco mais" para chegar a um acordo final, se possível.
"Estamos estudando a resposta do Irã agora e voltaremos a eles em breve", afirmou.
Washington terá que suspender algumas sanções sob os termos do acordo, mas autoridades norte-americanas dizem que retornar ao acordo é crucial para evitar uma crise nuclear no Oriente Médio.
Tudo isso ocorre em um momento em que se acredita que o Irã tenha urânio enriquecido suficiente para – se mais purificado – construir várias armas, e está mais perto do que nunca de poder produzi-las, disse a autoridade.
O acordo nuclear entre o Irã e as potências mundiais parecia quase renascer em março, após 11 meses de negociações indiretas entre EUA e Irã em Viena.
Mas as negociações fracassaram devido a obstáculos como o desejo do Irã de remover a Guarda Revolucionária da lista de organizações terroristas.
O Irã também exigiu que os Estados Unidos garantissem que nenhum futuro presidente norte-americano abandonaria o acordo. Biden não pode fornecer tais garantias porque o acordo é um entendimento político e não um tratado juridicamente vinculativo.
Uma segunda autoridade disse que, sob a plena implementação do acordo, a AIEA poderá retomar um regime abrangente de inspeções que poderia detectar qualquer esforço iraniano para buscar uma arma nuclear secretamente. Grande parte desse monitoramento permaneceria em vigor indefinidamente.
Esta autoridade também disse que o Irã seria proibido de enriquecer e armazenar urânio acima de níveis muito limitados, negando-lhe o material necessário para uma bomba.
(Reportagem de Steve Holland e Arshad Mohammed)