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EXCLUSIVO-Tecnologia de chip RISC-V surge como nova batalha na guerra tecnológica entre EUA e China

Publicado 06.10.2023, 10:38
Atualizado 06.10.2023, 10:40
© Reuters. Ilustração de bandeira chinesa com chip semicondutor 
 17/2/2023   REUTERS/Florence Lo
UNIs/USD
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Por Stephen Nellis e Max A. Cherney

(Reuters) - Em uma nova frente na guerra tecnológica entre os Estados Unidos e a China, o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, está enfrentando pressão de alguns parlamentares para restringir as empresas dos EUA de trabalharem em uma tecnologia de chip disponível gratuitamente e amplamente utilizada na China -- uma medida que pode mudar a forma como o setor de tecnologia global colabora além das fronteiras.

A questão é o RISC-V, uma tecnologia de código aberto que compete com a tecnologia da empresa britânica de semicondutores e design de software Arm. O RISC-V pode ser usado como um ingrediente essencial para qualquer coisa, desde um chip de smartphone até processadores avançados para inteligência artificial.

Alguns parlamentares -- incluindo dois presidentes de comitês republicanos da Câmara dos Deputados, o senador republicano Marco Rubio e o senador democrata Mark Warner -- estão pedindo ao governo Biden que tome medidas em relação ao RISC-V, citando motivos de segurança nacional.

Os parlamentares expressaram preocupação de Pequim estar explorando uma cultura de colaboração aberta entre as empresas norte-americanas para promover sua própria indústria de semicondutores, o que poderia corroer a atual liderança dos Estados Unidos no setor de chips e ajudar a China a modernizar suas Forças Armadas.

O deputado Mike Gallagher, presidente do comitê seleto da Câmara sobre a China, disse em uma nota à Reuters que o Departamento de Comércio precisa "exigir que qualquer pessoa ou empresa norte-americana receba uma licença de exportação antes de se envolver com entidades da RPC (República Popular da China) sobre tecnologia RISC-V".

Esses apelos para regulamentar o RISC-V são os mais recentes na batalha entre os Estados Unidos e a China em relação à tecnologia de chips, que se intensificou no ano passado com amplas restrições à exportação que o governo Biden disse à China que atualizará este mês.

"Temo que nossas leis de controle de exportação não estejam equipadas para lidar com o desafio do software de código aberto -- seja em projetos avançados de semicondutores como o RISC-V ou na área de inteligência artificial -- e uma mudança drástica de paradigma é necessária", disse Warner em uma declaração à Reuters.

O RISC-V é supervisionado por uma fundação sem fins lucrativos com sede na Suíça que coordena os esforços entre as empresas com fins lucrativos para desenvolver a tecnologia.

A tecnologia RISC-V veio dos laboratórios da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e mais tarde se beneficiou do financiamento da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa do Pentágono (DARPA). Seus criadores a compararam a Ethernet, USB e até mesmo à Internet, que estão disponíveis gratuitamente e contam com contribuições de todo o mundo para tornar a inovação mais rápida e barata.

TECNOLOGIA USADA PELA HUAWEI

Os executivos da chinesa Huawei adotaram o RISC-V como um pilar do progresso do país no desenvolvimento de seus próprios chips. Mas os Estados Unidos e seus aliados também aderiram à tecnologia, com a gigante dos chips Qualcomm trabalhando com um grupo de empresas automotivas europeias em chips RISC-V e o Google da Alphabet (NASDAQ:GOOGL) dizendo que fará com que o Android, o sistema operacional móvel mais popular do mundo, funcione em chips RISC-V.

A Qualcomm não quis comentar. Seus executivos disseram em agosto que acreditam que o RISC-V acelerará a inovação em chips e transformará o setor de tecnologia.

O Google não respondeu a um pedido de comentário.

© Reuters. Ilustração de bandeira chinesa com chip semicondutor 
 17/2/2023   REUTERS/Florence Lo

Se o governo de Biden regulamentar a participação das empresas norte-americanas na fundação sediada na Suíça da maneira que os parlamentares estão buscando, a medida poderá complicar a forma como as empresas de EUA e China trabalham juntas em padrões técnicos abertos. Isso também poderá criar obstáculos para a busca da China pela autossuficiência em chips, bem como para os esforços dos Estados Unidos e da Europa para criar chips mais baratos e mais versáteis.

Jack Kang, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da SiFive, uma startup que usa RISC-V, disse que as possíveis restrições às empresas com relação à tecnologia serão uma "tremenda tragédia".

"Seria como nos proibir de trabalhar na Internet", disse Kang. "Será um grande erro em termos de tecnologia, liderança, inovação, empresas e empregos que estão sendo criados."

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