RAFAH, Gaza (Reuters) - O Exército de Israel levou repórteres nesta sexta-feira aos túneis descobertos pelos soldados no sul de Gaza, incluindo a entrada para a câmara subterrânea na qual os corpos de seis reféns israelenses mortos pelo Hamas foram encontrados no dia 1º de setembro.
Os militares não permitiram que os repórteres entrassem no túnel na área de Tel al-Sultan em Rafah por motivos de segurança, mas liberou a gravação que revelou uma passagem apertada e sem entrada de ar, a cerca de 20 metros no subsolo, local no qual disse que os reféns foram mantidos por, possivelmente, semanas.
"Há um labirinto completo de túneis aqui em Tel al-Sultan", disse o porta-voz dos militares israelenses, Daniel Hagari, aos repórteres, ficando próximo a entrada do túnel, localizado no que parece ser um quarto de criança em uma casa destruída.
"Precisamos fazer tudo o que pudermos, de todas as formas, para trazê-los de volta para casa”, disse, se referindo aos 101 reféns que Israel diz que ainda estão sendo mantidos pelos militantes do Hamas.
Os militares israelenses disseram que seis reféns foram mortos na noite de 29 de agosto e os seus corpos foram resgatados pelos soldados cerca de dois dias depois.
O túnel Tel al-Sultan é parte do que os militares disseram ser uma grande rede revelada pelas forças israelenses operando ao redor de Rafah, próximo com a fronteira com o Egito. Soldados descobriram cerca de 13 quilômetros de túneis subterrâneos nos últimos meses, de acordo com o Exército.
Além da entrada que leva ao túnel no qual os reféns foram mortos, os militares também mostraram aos repórteres um túnel largo o suficiente para comportar um caminhão ir até o Egito, mas que foi bloqueado do lado egípcio da fronteira.
Em grande contraste com os destroços dos prédios em Gaza, destruídos pelos meses de combate entre soldados israelenses e militantes palestinos, a estrada ao longo do chamado Philadelphi Corridor, na área fronteiriça com o Egito, tinha asfalto novo em folha.
Além das raras visitas com escolta dos militares israelenses, veículos internacionais de mídia não tiveram permissão de entrar em Gaza desde que Israel invadiu o enclave depois do ataque do Hamas em 7 de outubro que matou 1,2 mil pessoas e capturou mais de 250 reféns, segundo estimativas israelenses.
Boa parte de Gaza foi destruída na campanha de Israel e a maior parte da população de 2,3 milhões de pessoas foi deslocada de suas casas. Mais de 41 mil pessoas foram mortas, de acordo com números do Ministério da Saúde palestino.
Como condição para levar os repórteres durante a visita dessa sexta-feira, os militares exigiram que as imagens fossem enviadas para revisão pelo censor militar, mas eles não proibiram nenhum material de ser publicado.