Por Polina Nikolskaya e Olesya Astakhova
MOSCOU (Reuters) - O ex-ministro da Economia russo Alexei Ulyukayev disse nesta quarta-feira no julgamento em que é acusado de receber propina que foi alvo de uma armação de um aliado próximo ao presidente Vladimir Putin para aceitar um pagamento de 2 milhões de dólares.
A acusação contra Igor Sechin, chefe da maior petroleira da Rússia, explicitou tensões latentes entre clãs rivais do Kremlin --um espetáculo raramente visto em público nos 17 anos transcorridos desde que Putin assumiu como presidente pela primeira vez.
Ulyukayev foi detido em 14 de novembro passado, momentos depois de Sechin lhe entregar o dinheiro em pessoa durante um encontro tarde da noite que, de acordo com procuradores, foi uma operação preparada para flagrar o ministro no ato de recebimento de suborno.
O caso tem conotações políticas porque Sechin representa uma facção poderosa do Kremlin que favorece um controle estatal maior sobre a economia e que se chocou com liberais econômicos no governo, um grupo que incluía Ulyukayev.
Um porta-voz da Rosneft, a estatal petroleira comandada por Sechin, disse nesta quarta-feira que existem inúmeras provas que mostram que Ulyukayev aceitou propina.
Pronunciando-se no tribunal no início do julgamento, Ulyukayev afirmou que Sechin fez alegações falsas ao Serviço Federal de Segurança, ou FSB, segundo as quais ele estava exigindo suborno e depois o induziu a comparecer ao encontro na sede da Rosneft, às margens do rio Moscou.
"Não existe indício objetivo contra mim. As acusações foram fabricadas", alegou Ulyukayev.