Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Com a ajuda de manequins chamados Helga e Zohar e de sensores colocados no interior de uma espaçonave, cientistas coletaram dados valiosos sobre a exposição à radiação dos astronautas fora do campo magnético da Terra e obtiveram informações sobre como protegê-los melhor em longas viagens espaciais, como para Marte.
Pesquisadores divulgaram as medições iniciais dos níveis de radiação experimentados dentro da espaçonave Orion, da Nasa, durante sua missão Artemis I de 25 dias sem tripulação em 2022 ao redor da Lua e de volta à Terra. Os dados contínuos de radiação foram obtidos por meio de instrumentos que incluem o Hera, da Nasa, e os sensores EAD, da Agência Espacial Europeia.
O perigo representado pela radiação é uma grande preocupação que deve ser abordada se astronautas quiserem realizar missões de longo prazo além da órbita da Terra. O programa Artemis tem como objetivo levar astronautas de volta à superfície lunar nesta década e estabelecer uma base lá como um prelúdio para a futura exploração humana de Marte.
Fontes como raios cósmicos galácticos e partículas disparadas pelo espaço durante explosões solares podem colocar astronautas em alto risco de doença por radiação, aumento do risco de câncer ao longo da vida, problemas no sistema nervoso central e doenças degenerativas.
Helga e Zohar, projetados para representar corpos humanos femininos, estavam na cápsula Orion como substitutas dos astronautas, com sensores integrados que mediam a exposição à radiação em sua pele e órgãos internos. Zohar vestiu um colete de proteção contra radiação. Helga não usava nenhuma proteção.
"Helga e Zohar são 'fantasmas de radiação' -- manequins sofisticados que imitam a resposta do corpo humano à radiação, equipados com sensores para medir as taxas de dose em vários órgãos", disse o físico Stuart George, do Grupo de Análise de Radiação Espacial do Centro Espacial Johnson, da Nasa. em Houston, um dos autores do estudo publicado na revista Nature.
Descobriu-se que as áreas dentro da cápsula projetadas para ter a maior proteção contra radiação, incluindo um "abrigo contra tempestades" para os astronautas durante eventos climáticos espaciais, como erupções solares, fornecem até quatro vezes mais proteção do que as áreas menos protegidas da espaçonave. Isso validou o projeto para missões futuras, disse o físico de radiação e principal autor do estudo, Thomas Berger, do Instituto de Medicina Aeroespacial do Centro Aeroespacial Alemão, em Colônia.
A exposição dentro da Orion aos raios cósmicos galácticos -- partículas energéticas que atravessam o universo -- foi cerca de 60% menor do que a exposição medida a bordo de sondas interplanetárias anteriores não tripuladas, demonstrando o benefício de uma espaçonave projetada para proteção contra radiação.