Por Francois Murphy
VIENA (Reuters) - O Partido da Liberdade (FPO) de extrema-direita abandonou a coalizão de governo da Áustria nesta terça-feira depois que o presidente se alinhou ao chanceler Sebastian Kurz e demitiu o ministro do Interior linha-dura do FPO, o que abre caminho para um governo interino.
Mas o próprio destino de Kurz é uma incógnita, já que o FPO ameaçou reagir apoiando uma moção de desconfiança no Parlamento. Perdê-la prejudicaria o líder de 32 anos, que tenta emergir do colapso com tintas de escândalo de seu governo com uma imagem de estadista. Uma eleição antecipada deve ser realizada em setembro.
Kurz logo se pôs a preencher os postos ministeriais deixados vagos pelo FPO com tecnocratas, mas ainda não se sabe se isso bastará para satisfazer parlamentares da oposição. O líder dos Social Democratas, o segundo maior partido do Parlamento, disse que, se tecnocratas fossem convocados, deveriam sê-lo para todos os cargos de gabinete.
"Todos aqueles com quem conversei enfatizam que querem garantir a estabilidade da Áustria no período transicional adiante, e a unanimidade sobre este ponto é um começo", disse o presidente Alexander Van der Bellen, que vem conversando com todas as siglas do Parlamento, em uma coletiva de imprensa com Kurz.
Kurz, cujo Partido Popular (OVP) de centro-direita é o maior do Legislativo, disse que proporá que servidores civis ocupem os cargos no máximo até a noite desta terça-feira.
O presidente aprovou o pedido de Kurz para que demitisse o ministro do Interior, Herbert Kickl, já que o que começou como um escândalo que abateu o governo se tornou uma disputa de poder entre o chanceler e seus parceiros de coalizão nos últimos 17 meses.
Imagens em vídeo do líder do FPO, Heinz-Christian Strache, aparentemente se oferecendo para manipular contratos estatais e explicando como driblar regras de financiamento partidário foram publicadas durante o final de semana, obrigando-o a renunciar e levando Kurz a encerrar a aliança que tinham.
Kurz prometeu uma investigação completa sobre todos os crimes ou irregularidades expostas na filmagem, que foi feita em 2017.
Ele argumentou que Kickl não poderia continuar como ministro do Interior porque era presidente do FPO à época, o que inclui a responsabilidade pelas finanças do partido, e portanto não deveria supervisionar a investigação das forças de segurança.
(Reportagem adicional de Alexandra Schwarz-Goerlich em Viena, Michael Shields em Zurique e Michelle Martin em Berlim)