Por Tarek Amara
TÚNIS (Reuters) - A Tunísia anunciou que vai mobilizar o Exército nas grandes cidades e prendeu quatro pessoas nesta quinta-feira, um dia depois de homens armados matarem 20 turistas estrangeiros que visitavam o Museu Bardo, no pior ataque ocorrido no país do norte da África em mais de uma década.
Visitantes japoneses, italianos, espanhóis e britânicos estão entre os que morreram quando pelo menos dois militantes abriram fogo contra dois ônibus de turismo durante uma visita ao museu, que fica dentro do complexo fortemente protegido do Parlamento tunisiano.
Os militantes, mortos a tiro pelas forças de segurança, foram identificados como os tunisianos Hatem al-Khashnawi e Yassin al-Abidi. O primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, disse que o último vinha sendo vigiado, mas "por nada de especial".
"Nós os identificamos, de fato são estes dois terroristas", afirmou o premiê à rádio francesa RTL. "Sua filiação não está clara no momento".
O gabinete do presidente tunisiano informou que o Exército será acionado. "Após uma reunião com as Forças Armadas, o presidente decidiu que as grandes cidades serão protegidas pelo Exército", afirmou um comunicado.
O número de turistas estrangeiros mortos no ataque de quarta-feira ao museu nacional da Tunísia aumentou dos 17 anunciados inicialmente para 20, disse o Ministério da Saúde nesta quinta-feira – três tunisianos também foram mortos.
Londres declarou também nesta quinta-feira que uma britânica está entre as vítimas fatais do que chamou de um "ataque terrorista" covarde e desprezível.
O atentado –o pior envolvendo estrangeiros na nação desde um ataque suicida em Djerba em 2002– ocorreu em um momento delicado para a Tunísia, que ainda se recupera de sua transição acidentada para a democracia.
Quatro anos após a revolta popular que derrubou o autocrata Zine El-Abidine Ben Ali, a Tunísia completou o processo com eleições livres, uma nova constituição e uma política de concessões entre partidos seculares e islâmicos.
Mas as forças de segurança enfrentam militantes islâmicos, entre eles os da Ansar al Sharia, listado por Washington como grupo terrorista, e do Okba Ibn Nafaa, uma brigada de combatentes filiada à Al Qaeda que opera ao longo da fronteira argelina.
O atentado pareceu ter por alvo a economia tunisiana, já que o turismo representa sete por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A bolsa de valores local caiu quase 2,5 por cento e duas agências de turismo alemãs disseram ter cancelado viagens para os resorts litorâneos de Túnis por alguns dias.
(Reportagem adicional de Mark John em Paris)