Por Julie Steenhuysen
CHICAGO (Reuters) - O doutor Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas nos Estados Unidos, afirmou que o divisionismo político contribuiu de maneira significativa com o "atordoante" número de mortos pela Covid-19 no país, que nesta segunda-feira passou de 500 mil.
O país registrou mais de 28 milhões de casos de Covid-19 e 500.054 óbitos até a tarde de segunda-feira, de acordo com uma contagem da Reuters baseada em dados de saúde pública.
Em uma entrevista à Reuters, Fauci disse nesta segunda-feira que a pandemia chegou aos Estados Unidos enquanto o país estava destroçado por divisões políticas, e que até o uso de máscaras se transformou em indicação de orientação política, em vez de uma medida de saúde pública.
"Mesmo sob as melhores circunstâncias, esse seria um problema muito grave", afirmou Fauci, apontando que apesar de uma forte imposição de medidas de saúde pública, países como Alemanha e Reino Unido tiveram dificuldades com o vírus.
"No entanto, isso não explica como um país rico e sofisticado pode ter o maior percentual de mortes e ser o país mais afetado no mundo", disse Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e um importante conselheiro do presidente Joe Biden. "Isso eu acredito que não deveria ter acontecido."
Embora os Estados Unidos tenham apenas 4% da população global, o país registrou quase 20% do total de mortos pela Covid-19.
Fauci disse que o surgimento de variantes mais contagiosas do coronavírus, especialmente as da África do Sul e do Brasil, tornaram difícil prever quando o país será capaz de superar a pandemia.
Fauci e Biden têm afirmado que os Estados Unidos devem retornar a algo próximo à vida normal pré-pandêmia perto do Natal. Mas isso pode mudar, advertiu ele.
As variantes também mudam a equação quando se trata de imunidade de rebanho, na qual uma população fica protegida da infecção por causa dos altos níveis de imunidade de vacinas ou infecções.