MANILA (Reuters) - As Filipinas podem renovar o apelo por clemência a uma cidadã do país condenada por tráfico de drogas na Indonésia, cuja sentença de morte foi suspensa temporariamente, mas isso dependerá do resultado de um caso de tráfico de pessoas relacionado à prisão dela, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país nesta quinta-feira.
Mary Jane Veloso, de 30 anos, foi poupada do pelotão de fuzilamento depois que autoridades em Manila pediram ao presidente indonésio, Jokowi Widodo, que fossem investigadas as evidências sobre uma rede que a teria recrutado.
"Tudo vai depender do resultado do inquérito e da sua conclusão, o que ajudará a determinar e identificar os responsáveis pelo tráfico de drogas e contrabando de seres humanos", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Charles José, em entrevista coletiva.
"Se formos capazes de apresentar acusações e condená-los, e estabelecer que Mary Jane é uma vítima, esse será o momento em que poderemos pedir novamente a clemência", acrescentou.
O governo filipino pediu duas vezes clemência para Mary, em 2010 e este mês, antes de sua execução.
Widodo ignorou outros apelos feitos por Brasil e Austrália e levou adiante a execução de outros oito condenados por tráfico de drogas, na quarta-feira, mas deixou claro que no caso de Mary se tratava de "um adiamento, e não um cancelamento".
No entanto, as autoridades filipinas esperam que os desdobramentos em Manila levem a Indonésia a reconsiderar a sentença de morte.
Representantes da embaixada das Filipinas em Jacarta devem se reunir funcionários com autoridades judiciárias indonésias na próxima semana para ficarem a par dos termos e condições do indulto concedido a Mary, disse José.
Um dos advogados de Mary declarou em Jacarta que iria explorar todas as vias legais para conseguir a clemência.
"Estamos atualmente examinando o adiamento e tomaremos todas as medidas possíveis para obter o cancelamento da sentença de morte pelo presidente", disse Agus Salim, sem dar maiores detalhes.
O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, disse a repórteres que pediu ao Departamento de Justiça que acelere o processo legal para processar as pessoas responsáveis pela situação de Mary, especialmente sua suposta recrutadora, María Cristina Sergio.
María, que buscou proteção policial depois de receber ameaças de morte, nega ter recrutado Mary e lhe entregue uma mala na qual havia drogas, disse sua advogada, Precy Acosta.
"Ainda não há nenhuma acusação contra ela, que está sob custódia protetora da polícia", disse ela.
(Reportagem de Manuel Mogato, em Manila, e Kanupriya Kapoor, em Jacarta)