Por Michael Roddy
BERLIM (Reuters) - O cineasta iraniano proibido de filmar Jafar Panahi, que já havia desafiado as autoridades ao enviar clandestinamente um filme para fora do Irã, repetiu o ato ao lançar seu filme "Taxi" no Festival Internacional de Cinema de Berlim, na Alemanha.
O filme, uma reflexão extravagante à primeira vista, mas profunda ao final, sobre a vida e o trabalho de filmar no Irã, todo captado do interior de um táxi conduzido pelo próprio diretor, foi exibido apesar de Panahi ter sido proibido pelo governo de exercer sua profissão por 20 anos.
Ele não está preso, mas pode ser detido pela Justiça a qualquer momento. Dois anos atrás ele enviou um filme clandestinamente ao Festival de Berlim por meio de um pen drive USB, levando a República Iraniana a fazer uma reclamação formal contra o festival.
Durante o evento principal desta sexta-feira, o diretor do festival, Dieter Kosslick, não revelou como o filme de Panahi conseguiu chegar a Berlim, mas aplaudiu a atitude do cineasta de continuar a produzir.
"Jafar nunca aceitou sua proibição de 20 anos e tenta fazer seu trabalho porque ele não consegue viver sem fazer filmes, e por acaso nós conseguimos esse filme aqui, talvez com um táxi?", ironizou Kosslick ao falar a jornalistas no tapete vermelho.
No filme, Panahi transporta uma variedade de pessoas díspares ao redor de Teerã.
O longa aborda um tema sensível quando um dos passageiros, que admite ser um "assaltante freelance", argumenta a favor da pena de morte para criminosos, enquanto uma professora sentada no banco de trás diz achar a punição severa demais para alguém que rouba para alimentar sua família – ela chega a dizer que apenas a China executa mais pessoas do que o Irã.
O filme de Panahi é um dos 19 que disputam o prêmio de maior prestígio do Festival de Berlim: o Urso de Ouro. 2015-02-06T203439Z_1006900001_LYNXMPEB15101_RTROPTP_1_CULTURA-FILME-BERLIM-IRA.JPG