PARIS (Reuters) - As nações desenvolvidas têm mobilizado entre 80 e 90 bilhões de dólares por ano para ajudar os países mais pobres a sobreviverem em um mundo mais quente, afirmaram delegados durante as negociações sobre o clima em Paris, mas países emergentes contestam essa quantia e afirmam que a meta de alcançar 100 bilhões de dólares até 2020 está distante.
A questão é central para as negociações em Paris, onde cerca de 200 nações tentam selar um novo pacto sobre mudanças climáticas.
Em outubro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que representa as nações ricas, calculou que os compromissos financeiros das nações desenvolvidas totalizaram 62 bilhões de dólares em 2014 ante uma meta acertada com a ONU de chegar a 100 bilhões de dólares até 2020.
Desde a publicação desse relatório, novas promessas de financiamento surgiram, incluindo por Reino Unido, França, Alemanha e Japão, disseram os delegados.
A OCDE ainda precisa atualizar os números, mas os delegados afirmaram, durante as negociações, que utilizaram a metodologia da organização para analisar a necessidade de novos recursos.
Um especialista em finanças nacionais disse, na condição de anonimato, que o novo total era próximo de 94 bilhões de dólares, enquanto a organização não-governamental Oxfam disse que o dado estava mais próximo de 82 bilhões de dólares.
Países em desenvolvimento, como a Índia, acusam o Ocidente de falta de transparência e dizem que a OCDE estava superestimando o tamanho das contribuições.
A disputa é intensa, conforme as nações em desenvolvimento lutam por ajuda para lidar com os impactos climáticos que, segundo eles, atingem com maior força os mais pobres.
Nações mais ricas, por sua vez, dizem que o mundo mudou desde o Protocolo de Kyoto de 1997 e que países como a China deixaram de contar como países emergentes.
A União Europeia está entre os que rejeitam a crítica à falta de transparência. O bloco afirma que, apesar de sua própria crise financeira, é o maior contribuinte do financiamento de ações climáticas, tendo fornecido 14,5 bilhões de euros (15,78 bilhões de dólares) em recursos públicos em 2014.
A UE também prometeu aumentar o financiamento, mas disse que os países em desenvolvimento também devem contribuir com os custos da migração para fontes energéticas de baixo carbono e das atitudes necessárias frente ao clima extremo.
(Por Barbara Lewis)