Por Daniel Ramos
LA PAZ (Reuters) - As Forças Armadas bolivianas tomaram conta da praça central da capital nesta quarta-feira, e um veículo blindado forçou passagem pela entrada do palácio presidencial seguido por soldados, elevando temores de um golpe militar.
O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou a "mobilização irregular" de algumas unidades do Exército em La Paz e o ex-líder Evo Morales acusou um general de planejar um golpe.
Soldados fortemente armados e veículos blindados foram vistos se reunindo na praça central, Plaza Murillo, enquanto uma testemunha da Reuters viu um veículo blindado entrando no palácio presidencial, localizado na praça, seguido de soldados que entraram no prédio.
"Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas mudarão, mas nosso país não pode mais continuar assim", disse o general Juan Jose Zuñiga a uma estação de TV local.
Zuñiga falou com jornalistas na praça, antes do ataque ao palácio nacional.
"Parem de destruir, parem de empobrecer nosso país, parem de humilhar nosso Exército", disse, em uniforme completo, ladeado por soldados, insistindo que a ação era apoiada pelo público.
Morales, que divergiu publicamente de Arce, embora ambos pertençam ao mesmo movimento socialista, disse que seus partidários se mobilizariam em apoio à democracia.
Ele acusou Zuñiga de tentar dar um golpe de Estado e anunciou uma paralisação geral, incluindo uma convocação para bloquear as estradas.
"Não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem as pessoas", disse Morales.
(Reportagem de Daniel Ramos)