Céline Aemisegger.
Davos (Suíça), 22 jan (EFE).- O Fórum Econômico Mundial se transformará a partir de amanhã de novo no lugar onde os líderes abordam junto com a sociedade civil e os empresários os grandes problemas do mundo, mas também serão abertos debates atuais como o assédio sexual e a pós-verdade.
A reunião em Davos é vista como uma plataforma única para definir a agenda mundial no início de cada ano, já que diferente do G20, do G7 e outras cúpulas internacionais, não só reúne mais líderes que qualquer outro fórum, mas também mais de 3 mil participantes do mundo econômico, político, social, cultural, acadêmico e científico.
Até 5 mil soldados e chefes do Exército suíço e da Polícia farão a segurança e, como é habitual, o espaço aéreo de Davos será fechado durante a reunião anual.
O Fórum já começará nesta segunda-feira a aquecer os motores com a atualização das perspectivas econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a entrega dos Prêmios Cristal à atriz Cate Blanchett, o cantor Elton John e ao astro de Bollywood Shah Rukh Khan por sua liderança na defesa dos refugiados, na luta contra o HIV e os direitos da infância e das mulheres.
Ainda que os 70 chefes de Estado e de Governo que viajarão este ano a Davos tenham um protagonismo inevitável, vários governantes da América Latina, da Europa, do Oriente Médio e da África, bem como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - se este viajar para a Suíça após a paralisação do governo -, o Fórum quer olhar além dos governantes.
Com mais de 1.900 executivos de empresas, 230 representantes de meios de comunicação, quase 40 líderes culturais, outros tantos de organizações internacionais, 35 empreendedores, 80 jovens destacados, 32 pioneiros tecnológicos e 70 responsáveis de sindicatos, organizações religiosas e da sociedade civil, o Fórum Econômico Mundial se transforma em um lugar de debate sobre muitos assuntos de atualidade.
Em mais de 400 painéis e sessões de trabalho, os participantes debaterão como "criar um futuro compartilhado em um mundo fraturado", lema desta 48ª edição, que será inaugurada na terça-feira com o discurso de abertura do primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, como representante da maior democracia do mundo.
A ideia por trás deste tema é fomentar a cooperação entre todos os atores da sociedade, segundo o fundador e diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.
Mas não só para fazer frente a conflitos, mas também para buscar soluções comuns a fim de acabar com a discriminação de gênero, gerar um crescimento e um comércio mais inclusivos, atenuar o efeito da digitalização da indústria sobre os trabalhadores, lutar contra a mudança climática e o assédio sexual, combater as ameaças cibernéticas e adaptar-se às novas tecnologias.
Assim, Davos aborda questões atuais como o movimento #MeToo (Eu também), que começou em Hollywood, mas que afeta mais esferas do mundo político, artístico e empresarial - com um painel intitulado "Gênero, poder e enfrentar o assédio sexual".
Em sinal de apoio às mulheres, o Fórum quis dar um sinal: o encontro de 23 a 26 de janeiro será co-presidido unicamente por mulheres, que são 21% dos 3 mil participantes.
Davos também terá espaço para um debate sobre as "fake news" (notícias falsas) e sobre a pós-verdade, termo usado nos EUA por causa da eleição do presidente Donald Trump para indicar que os fatos não são tão importantes na hora de influenciar a opinião pública quanto apelar para a emoção e às crenças pessoais.
O surgimento de novas tecnologias na economia digital e nas finanças, como a tecnologia "blockchain", uma tecnologia digital que garante a veracidade das operações pela internet, será outra questão atual analisada.
Além disso, o Fórum terá várias sessões dedicadas às ameaças cibernéticas, dados os recentes ataques mundiais a empresas e a interferência russa através das redes em diferentes eleições, e lançará, além disso, o Centro Global para a Cibersegurança para fomentar a cooperação.