ARTEMIVSK/BULAVYNE, Ucrânia (Reuters) - A Ucrânia retirou milhares de soldados de uma cidade cercada nesta quarta-feira após um ostensivo ataque de rebeldes pró-Rússia, que ignoraram um novo cessar-fogo para assumir o controle do estratégico entroncamento ferroviário.
A queda da cidade sitiada de Debaltseve representa uma das piores derrotas na guerra civil para as tropas ucranianas, que se mostraram incapazes de impedir o avanço dos rebeldes apoiados por Moscou e que lutam no território chamado pelo Kremlin de "Nova Rússia".
Nos últimos dias, 22 soldados ucranianos foram mortos na cidade, disse o alto comando militar ucraniano, e mais de 150 ficaram feridos.
Mesmo assim, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que foi de avião até a linha de frente, tentou jogar uma luz positiva sobre o confronto, dizendo que ao resistir pelo máximo de tempo que podiam, as tropas ucranianas expuseram "a verdadeira face dos bandidos e separatistas que são apoiados pela Rússia".
As tropas ucranianas resistiram por três dias após o início de um cessar-fogo mediado pela Europa, forçando os rebeldes a desobedecerem a trégua para seguirem avançando sobre a cidade.
Soldados ucranianos com as faces cobertas de negro chegaram em carros e caminhões a Artemivsk, cerca de 30 km ao norte de Debaltseve, em território controlado pelo governo.
Os confrontos não cessaram com a retirada. Um correspondente da Reuters próximo a Debaltseve viu fumaça negra emanando sobre a cidade e ouviu fortes explosões após o início da retirada.
Poroshenko afirmou que 80 por cento das tropas foram retiradas da cidade até a manhã, e o resto estava saindo no que ele descreveu como uma retirada planejada e ordenada. O presidente disse que mais de 2.000 soldados se retiravam da cidade.
Os rebeldes descreveram a batalha como uma vitória e disseram ter deixado as tropas ucranianas saírem somente depois de serem derrotadas.
"Não houve tentativas das forças ucranianas de forçar passagem. As forças ucranianas cercadas foram completamente desmoralizadas. Eles perderam a direção. Começaram a atirar em áreas residenciais de Debaltseve", disse o comandante rebelde Eduard Basurin.
Apesar de ter redigido uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede por um cessar-fogo de todos os envolvidos no conflito, a Rússia nunca criticou o avanço rebelde sobre Debaltseve. Horas antes de a cidade ser dominada, o presidente russo, Vladimir Putin, disse à Ucrânia que deveria deixar seus soldados se renderem para salvar suas vidas.
(Reportagem adicional de Pavel Polityuk, Natalia Zinets, Alessandra Prentice e Richard Balmforth em Kiev, Polina Devitt em Moscou) 2015-02-18T214400Z_1006940001_LYNXMPEB1H0UV_RTROPTP_1_MUNDO-UCRANIA-CONSOLIDA-OFENSIVA.JPG