Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco completa o 10º aniversário de sua eleição em 13 de março tendo sobrevivido à oposição conservadora que não conseguiu derrubá-lo e que agora está em uma encruzilhada, buscando uma nova direção após a morte de duas de suas figuras principais.
A divisão conservador-progressista tem sido um tema recorrente nos últimos dez anos, desde que Francisco apareceu pela primeira vez na sacada da Basílica de São Pedro em 2013 vestindo uma batina branca simples, evitando as coberturas vermelhas e douradas usadas por séculos.
Cardeais e arcebispos conservadores têm acusado Francisco de semear confusão ao enfraquecer as regras sobre questões como homossexualidade e novo casamento após o divórcio, ao mesmo tempo em que se concentra excessivamente em problemas como mudança climática e desigualdade econômica.
Mas acontecimentos deixaram o movimento conservador desorientado e, dizem alguns especialistas, sem rumo.
O papa emérito Bento 16, que renunciou em 2013 e se tornou uma referência dos conservadores que ansiavam pelo retorno a uma Igreja mais tradicional, morreu em 31 de dezembro aos 95 anos.
"O mundo conservador carece de uma visão unificadora, algo que Bento 16 fornecia", disse Sandro Magister, um autor conservador veterano, jornalista e blogueiro que tem criticado Francisco.
"Ele (Bento) não tem herdeiro real, ninguém capaz de herdar seu legado de forma substancial", declarou Magister.
Uma autoridade graduada do Vaticano, um dos três prelados de alto escalão que falaram sob condição de anonimato, disse que muitos conservadores olhavam para Bento "como um senso de segurança", embora, na opinião da autoridade, o papa emérito não tenha procurado esse papel.
Os conservadores também lamentaram a morte repentina em janeiro do cardeal australiano George Pell, de 81 anos, que muitos acreditavam que sucederia Bento 16 como referência conservadora.
"Nos últimos anos de sua vida, Pell estava trabalhando para construir uma rede unificadora reunindo conservadores e também moderados. Ele queria que eles refletissem sobre as questões centrais da Igreja olhando para a escolha do sucessor de Francisco", disse Magister.